1 de setembro de 2009

Pontos Guia para o Desenvolvimento de Ecovilas

Robert Gilman

RECONHECER QUE SERÁ UMA VIAJEM, E DESFRUTÁ-LA !!
Uma das dificuldades mais comuns que os fundadores de comunidades se criam, é o de centrar-se com muita força nos desejos e nos resultados, conduzindo-se a si mesmos e aos outros a frustrações e desilusões quando descobrem que o processo do desenvolvimento comunitário leva seu tempo, geralmente vários anos. Joan Halifax, diretor da Fundação Ojai, conta a seguinte história: o Dalai Lama me disse em uma entrevista que havia três condições que poderiam me permitir de levar a cabo minha visão de uma comunidade: "Deve existir... Gran amor, Gran persistência, Gran paciência. A paciência é a mais difícil de todas!". Para evitar, ou ao menos reduzir essas dificuldades, ajuda o reconhecer desde o começo que UMA COMUNIDADE ESTÁ SEMPRE EM PROCESSO, E QUE É MELHOR HONRAR E DESFRUTAR DO PROCESSO. Esse processo levará o grupo fundador através de diversos estados de "inclusão", "controle", "afeto". O processo também leva a comunidade a várias etapas ou fases: pesquisa/projeto, criação/implementação e manutenção, para os desafios das distintas áreas: biosistemas, bioconstruções, sistema econômico, sistema social e a coesão grupal. Entendendo as distintas fases e sendo capaz de saber onde está localizado cada um no processo, se pode incrementar o desfrute e a utilidade de cada fase.

DESENVOLVER UMA VISÃO E MANTÊ-LA EM CRESCIMENTO
As bases para qualquer grupo, e o requisito necessário para formar um grupo novo são a "coesão". As pessoas que trabalham com o desenvolvimento grupal (em comunidades, negócios e outros lugares), concordam amplamente que um dos tipos de "coesão" mais importante que um grupo pode ter é o de COMPARTILHAR VISÕES CLARAS. Para que uma visão atue como aglutinante, é necessário que seja algo mais que uma construção intelectual. Uma visão diz respeito a profundos valores e intuições. Tal visão pode ser articulada por uma pessoa ou um pequeno grupo de pessoas, ou pode ser desenvolvida através e um processo que involucre ao grupo todo. Em qualquer caso, a visão será mais efetiva se a cada membro do grupo lhe ressoe um "sim" pessoal sobre a visão. Uma visão efetiva pode ser muito simples, por exemplo: uma Eco-vila pode crescer em volta da visão de ser um lugar demonstrativo de uma maneira de viver em harmonia com a natureza. Alguns grupos se beneficiam com uma visão simples, outros com uma mais complexa. O que é importante em qualquer caso, é que a visão seja uma expressão honesta da essência do profundo propósito do grupo. No estado formativo de um grupo, é muito útil trabalhar explicitamente no desenvolvimento e na exploração da declaração da visão. Ao desenvolver a visão, é importante proceder de tal maneira que se deixe espaço aos sentimentos e intuições. Uma boa aproximação é fazer uma "tormenta de idéias", de palavras e frases curtas que os membros do grupo sintam de alguma maneira relacionada à visão. Isso deve ser escrito sobre uma folha grande, assim todos podem ver o que vem surgindo. É muito importante durante esse processo seguir as regras da tormenta de idéias: não fazer comentários nem críticas das sugestões de outros. Uma vez que o grupo sinta que tem uma lista suficientemente cumprida, se detém a "chuva", e se inicia o debate. Procure simplificar agrupando idéias, mas não percam nenhum conceito significativo neste processo. Se houver pontos discordantes, vejam se são simples mal-entendidos que se podem resolver. Se no é assim, reconheça-os, e procure não forçar um acordo. Completem o processo fazendo um rascunho da declaração da visão. Às vezes todo o grupo inteiro pode fazê-lo, mas se não resulta fácil, organizem um pequeno sub-grupo para que ordene as idéias e apresente logo a declaração da visão. Se há desacordos sobre distintos pontos de vista, organizem tantos grupos quantos pontos de vista diferentes haja. Os grupos comunitários em processo de formação atraem certos membros iniciadores, que não permanecem por muito tempo. Um grande desafio para o grupo inicial, é ajudar cada um a descobrir sua própria visão, e permitir a todos de ver qual visão está alinhada para servir às bases da visão grupal e que visões devem buscar expressões em outra parte. É importante evitar a expectativa de que cada membro que começa deve continuar com o grupo, porque isto pode supor para alguns suprimir sua própria visão, ou ainda, forçar a outros uma visão que verdadeiramente não compartilham.

HONREM A CONTRIBUIÇÃO DE CADA PESSOA E NÃO TEMAM EM DECIDIR QUEM SEGUIRÁ OU NÃO NO GRUPO.
Façam circular o rascunho no grupo e logo voltem a encontrar-se para maiores refinamentos. O melhor resultado para o grupo é chegar a um consenso entusiasta. Se há consenso, mas alguns membros não estão entusiasmados, é um sinal claro que tem alguns pontos importantes que devem ser resolvidos. Pode ser bom seguir adiante de toda maneira, mas o grupo não deve deixar estas questões não resolvidas por muito tempo. Se não há consenso, o grupo deve considerar dividir-se ou reestruturar-se de alguma maneira para que cada ponto de vista seja livre para manter sua própria visão. Às vezes, é possível criar uma visão mais amplia que dê um marco onde o que parecia conflitual, possa ser parte complementaria do todo. Se isso funciona, melhor, mas não forcem um "matrimônio" que não surja naturalmente. Muitas experiências dolorosas põem em evidência que não é sábio intentar construir uma visão por compromisso.

AS VISÕES EFETIVAS DEVEM SER AUTENTICAS, SENTIDAS PROFUNDAMENTE, E ELEGIDAS LIVREMENTE.
Algumas semanas mais tarde que a visão tenha sido definida, seria útil revisá-la (sem voltar a escrevê-la) para explorar o significado para o grupo. Estimulem a cada pessoa do grupo para que descubra como se sente com respeito à visão e como esta pode ser expressa na prática. Esse processo pode permitir a cada membro um melhor entendimento de sua própria visão e da maneira como os outros entendem essa visão. Em grupos bem-sucedidos, uma vez que a visão inicial tenha sido esclarecida, a essência dessa visão se mantém estável por anos e décadas. Durante este tempo, as palavras que expressam a visão necessitam variar para expressar novas aprendizagens do grupo e para manter o contato com a sociedade. Para manter a visão viva, regularmente tem que revisá-la como grupo. Ainda isso fornece a possibilidade aos novos membros de entender melhor a visão inclusive contribuir para a mesma.

CONSTRUIR RELAÇÕES E LAÇOS AFETIVOS
O outro aspecto fundamental da coesão de um grupo provém do coração. É vital construir relações interpessoais sólidas, onde as experiências compartilhadas possam providenciar as bases de um entendimento mútuo, cuidado e confiança. Estas relações são claramente desejáveis, mas construí-las não é simples. Elas não podem ser manufaturadas ou impostas, mas podem ser facilitadas. Estas são algumas sugestões:
Encontrem espaços onde as pessoas possam contar histórias de suas vidas. Especialmente em estados formativos, isso lhe dará um maior sentido de profundidade a cada pessoa e permitirá a cada uma sentir-se mais plenamente reconhecida.
Estimule interações que focalizem sobre cada uma das sete inteligências: intrapessoal, interpessoal, musical, espacial, kinestésica, verbal/lingüística e lógica/matemática. Em outras palavras, além de falar e planejar juntos dancem, façam algum esporte em equipe, cantem juntos, etc. Especialmente, ao início do processo, quando a tendência é principalmente até a interação verbal nas reuniões, é importante usar estas experiências mais diversas para ter um entendimento mais integral uns aos outros. É importante também para o grupo, aprender rápido que a liderança natural no grupo se move de pessoa a pessoa dependendo da atividade.
Viagem juntos. Desde um simples acampamento a uma longa viagem providenciará uma experiência concentrada em viver e trabalhar juntos. Voltarão desta experiência com laços fortalecidos ou decididos a que cada um deve seguir seu próprio caminho separado. Para muitos grupos resulta útil reunir-se regularmente sem um motivo especifico. Pode-se compartilhar regularmente uma comida, compartilhar uma meditação e/ou alguma atividade similar que coincida com os valores dentro do grupo. Quando isso é bem feito, é uma boa maneira de simplesmente estar bem juntos sem grandes expectativas.

<>FAZER QUE O DESAFIO DO SISTEMA EM SUA TOTALIDADE SEJA EXPLÍCITO
Uma vez que o grupo começou a esclarecer sua visão e construir relações, o próximo passo implica orientar ao grupo nas tarefas que necessitam ser realizadas. Neste ponto, muitos grupos encontram o desafio de acomodar dois estilos diferentes de personalidade. Há quem prefira aproximar-se dessas tarefas começando pelo planejamento. Há outros que desejam mergulhar na experimentação. O desafio para o grupo como totalidade é levar essas duas tendências até uma relação construtiva, assim podem contribuir uns aos outros. Lamentavelmente, o que de freqüente ocorre é que estas duas tendências são vistas em oposição uma a outras e o resultado é uma luta de poder. Durante as últimas décadas, como a maioria das instituições foi sobre-burocráticas, aqueles que se lançaram a realizar comunidades experimentais, desejaram escapar da estrutura e do planejamento. No processo muitas comunidades aprenderam duras lições por ir tão rápido na direção da experimentação espontânea. Por outro lado, algumas comunidades criam ainda mais complicações quanto a planejamento e sistema de controle que o que se encontra na sociedade. Hoje, entre as comunidades que sobreviveram por vários anos, há uma maior valorização do planejamento e da experimentação como elementos úteis que necessitam estar em equilíbrio e numa relação adequada.

PLANEJAMENTO: Uma grande ajuda para conseguir esta relação adequada implica em alcançar um profundo entendimento do planejamento e da experimentação. Com relação ao planejamento, este abarca dois aspectos principais:
Identificar e visualizar as etapas que são requeridas para realizar uma tarefa.
Decidir quando cada etapa deveria ser completada e através de que meios.
A força do primeiro aspecto é que, frente à situações complexas, identificar todas as etapas pode permitir mais facilmente a todos los integrantes do grupo pensar em termos de totalidade e usar sua própria energia e recursos de uma maneira equilibrada. O risco é o de ficar atolado na tentativa de detalhar excesivamente todas as etapas necessárias e acreditar que tudo que foi colocado no plano é uma amplia representação da realidade. A força do segundo aspecto é que permite ao grupo distribuir seus recursos e energia no tempo. Assim, por exemplo, se evita que o grupo gaste todos seus recursos no primeiro ano, para descubrir posteriormente que teria necessitado mais no segundo ano. A debilidade deste ponto é que se faz impossível prever completamente quando será preciso dar cada passo ou que recursos estarão disponiveis quando chegue esse momento. Tomando em consideração essas forças e debilidades/perigos, os grupos podem na maioria das vezes, tomar o melhor do planejamento creando um gráfico em forma de mapa das atividades que lhe dizem respeito, incluindo suas expectativas em relação a quando estas atividades se desenvolverão no tempo. Na criação deste mapa é de grande valor combinar informação racional/factual e intuição. A boa intuição pode usualmente ver "além do horizonte" e perceber futuras situações que ainda não aparecem, podendo ser importantes para o planejamento de hoje. Ao mesmo tempo, a informação racional pode responder a muitas questões, cobrir muitos detalhes necessários e ajudar a distinguir entre intuição genuina e imaginação. Estes mapas podem ser um bom colaborador mas um mestre pobre. O grupo poderá aproveitá-los ao máximo, utilizando-os como marco de referência para discutir e coordenar entre várias atividades, e estando bem dispostos a modificá-los se as condições mudam. Desse modo decisões sobre a melhor maneira de proceder podem ser tomadas na hora e, mesmo assim, manté-las no contexto do melhor entendimento grupal sobre a totalidade de seu propósito e seu trabalho.

EXPERIMENTAÇÃO: Para muita gente a oportunidade de ser espontanea e de "provar no caminho" é uma das mais grandes alegrias da vida. O desenvolvimento de comunidades sustentáveis implica muito espirito pioneiro e precisa de gente que curta a experimentação. Certamente, o desenvolvimento de comunidades sustentáveis tem uma quantidade de processos que demandam muito tempo, energia e dinheiro. É por isso que os resultados de qualquer tipo de experimentação podem levar um longo tempo para serem apreciados, e o custo das experimentações sem resultado pode tornar-se bastante alto. A experimentação - sobre tudo a espontanea, não planejada e desestruturada - funciona melhor em situações onde as consequências podem ser rapidamente visíveis e o custo dos fracassos seja baixo. Um bom "mapa" das atividades globais da comunidade pode ajudar a identificar aquelas que apresentem estas características. C. Mc Laughlin e Gordon Davidson assinalam ao respeito este debate:
"Algumas comunidades resolveram este dilema ao planejar muito cuidadosamente algumas atividades, como os encontros, e deixar que outros eventos, como as celebrações, se façam espontaneamente".
Que se deveria incluir dentro do "mapa" grupal? Um bom lugar para iniciar é as áreas de desafio: bio-sistema, construção ambiental, sistema econômico, sistema social e coesão grupal. O mapa será mais efetivo se é exposto visualmente em lugar comum de encontro para que possa ser modificado durante as reuniões e na medida que as situações mudem. Seria bom que o display seja o suficientemente flexível como para adicionar o apagar novas áreas específicas, indicar eventos por vir ou atividades necessárias no futuro, e os sucessos que acontecem no presente. As futuras atividades e necessidades podem ser redigidas em bilhetes separados e móveis para ser mais flexíveis e comunicar graficamente a flexibilidade. Ao utilizar um mapa deste tipo é importante prestar igual atenção às três fases de desenvolvimento:
Recursos/Projeto
Criação/Implementação
Manutenção

Também é útil para o equilíbrio grupal honrar conquistas que surgiam naturalmente, em particular, na área da coesão grupal. Por exemplo, quando as pessoas começam a se dar conta que suas relações se aprofundam ao trabalhar juntos, será celebrado com uma nota no mapa. Uma vez que o grupo desenvolve seu próprio mapa, será mais fácil estabelecer prioridades, decidir os próximos passos e criar as equipes de trabalho necessárias para alcançar esses objetivos.

ACEITAR AJUDA PARA ALCANÇAR UMA MAIOR AUTOSUFICIÊNCIA
Há tanto conhecimento que podem beneficiar o desenvolvimento de comunidades sustentáveis, e este conhecimento está crescendo tão rapidamente, que é difícil que o grupo fundador possa saber sobre tudo que existe. Para alguns tópicos específicos, como detalhes de construção, pode ter sentido depender de um especialista de fora. De toda maneira em outros tópicos é melhor desenvolver ao menos um nível médio de habilidade dentro do grupo. Valorizem esta possibilidade incluindo suficiente tempo e recursos no pressuposto, para uma sólida aprendizagem dentro do grupo. Há três áreas principais de habilidades que necessitaria uma comunidade em sua "caixa de ferramentas":
Habilidades em tarefas específicas: esta ampla categoria inclui TUDO, desde como desenhar uma estufa à como armazenar alimentos; de como estabelecer legalmente um negocio cooperativo até como oferecer cuidados médicos de emergência.
Habilidades de administração: esta categoria inclui algo familiar no mundo dos negócios, mas que historicamente tem sido uma debilidade nas comunidades. Exemplos disso são: administração do projeto, planificação financeira e orçamentária, manter livros contáveis, etc.
Processo grupal e habilidades interpessoais: esta categoria inclui trabalhar com as diferenças individuais, etapas no desenvolvimento grupal, habilidades de comunicação, etc.

Há algumas comunidades que tem sido pioneiras em estas habilidades e na atualidade mantém grupos e empreendimentos em relação a esse desenvolvimento. De todo modo ainda muitas comunidades são pobres nesta área. As necessidades e interesses de cada comunidade irão determinar quão profundamente devem avançar seus membros nas distintas áreas. Cada comunidade deveria desenvolver-se, mesmo que seja minimamente, na administração e habilidades no processo grupal, já que a carência destas habilidades tem sido historicamente motivo principal de fracasso em muitas comunidades.

DESENVOLVER PROCEDIMENTOS CLAROS
A comunidade deve ser uma AVENTURA ENTRE AMIGOS, NÃO UM EXERCICIO BUROCRÁTICO. As experiências dolorosas de muitos grupos fazem manifesto que para manter isso como uma aventura, um pouco de burocracia também é necessário. Especificamente, é bom desenvolver procedimentos escritos claros para:
Tomada de decisões - Resolução de conflitos - Finanças - Membros
Talvez seja mais importante desenvolver "metaprocedimentos" para mudar estes outros procedimentos. É bom iniciar já com algo escrito, mesmo que seja simples. Isso pode ajudar a evitar dois grandes erros:
1. Esperar tanto que ao final se chegue a uma confusão ou desacordo sobre os procedimentos.
2. O problema oposto, que é permanecer intentando escrever a seqüência perfeita de procedimentos, antes de ter ganhado mais experiência como grupo.

MANTER UMA SUSTENTABILIDADE EQUILIBRADA
Os passos antes descritos dão uma base necessária. Uma vez que esses estão em seu lugar ou pelo menos iniciados, o grupo pode focalizar-se nas tarefas específicas que se necessitam para desenvolver a Eco-Vila ou comunidade sustentável.
Enquanto isso se faz, há certos equilíbrios que se deve ter em conta:
Entre o grupal e o privado: a maioria das comunidades observa que funcionam melhor ao combinar claros espaços "comuns" e "privados", tanto no tempo, como nas atividades e finanças. Parece que as pessoas não só necessitam um pouco de cada coisa, mas que em diferentes momentos de suas vidas se movem até o grupal ou individual como necessidades que variam. Uma comunidade sabia permite um amplo espectro de pontos de equilíbrio e estimula seus membros para que sigam seus ciclos naturais de "inalação" e "exalação".
Entre hoje e amanhã: alguns intentos de desenvolvimento comunitário falham porque não estão bem localizados no tempo. Procuram fazer as coisas rápido demais, esgotando-se emocionalmente e em seus recursos financeiros, ou ficam falando e adiando decisões, convertendo-se em uma sociedade que debate sem decidir-se a arriscar um compromisso real. Utilize o mapa de atividades para decidir as prioridades e os passos a seguir até as necessidades do grupo.
Entre trabalho concreto e sutil: muita gente é atraída à idéia de Eco-Vilas por fortes imagens de casas solares e jardins de Permacultura. Outros estão mais interessados no sentimento de comunidade e num espaço seguro ou desafiante para o crescimento pessoal.

Todos esses aspectos jogam um papel na totalidade da comunidade bem-sucedida. O êxito depende de seu desenvolvimento equilibrado e de uma apreciação compartilhada de cada aspecto. No desenvolvimento da comunidade às vezes será necessário enfatizar um aspecto sobre o outro por um período de tempo. Por exemplo: una estratégia que tem sentido para muitos grupos é de focalizar-se primeiro em desenvolver trabalhos que possam funcionar logo na Eco-Vila. Uma vez que isso esteja em marcha o grupo começa a lidar com a terra e as construções. Alguns podem ver isso como pospor o desenvolvimento da comunidade, mas desde uma perspectiva total do sistema, esses assuntos são uma componente tão importante para a comunidade como a edificação, inclusive podem afetar significativamente um melhor desenho edilício. É só que os relacionamentos são uma forma "sutil" e não são tão visíveis como o "concreto" dos edifícios.
Entre amor, luz e desejo: cada comunidade se pode beneficiar tendo as qualidades positivas do coração (cuidado, confiança, vinculo), da mente (claridade de entendimento, visão, integridade) e da vontade (a habilidade de atuar com coragem eficiência). Estas qualidades integradas de uma maneira equilibrada fazem uma poderosa combinação. O desafio é manter dito equilíbrio. O simples fato de afirmar a importância deste equilíbrio dentro da visão do grupo pode ser uma poderosa ajuda.
Entre vários estilos de aprendizagem e conhecimentos: Quero enfatizar a importância de desenvolver tantas formas de entendimento claro dentro do grupo quanta pessoas distintas existem. A maioria dos desacordos dentro dos grupos tem a ver com argumentos sobre distintos estilos de aprendizagem e conhecimento, não sobre problemas substanciais, por exemplo: alguns preferem falar e logo fazer, outros preferem fazer e logo falar, enquanto outros só querem fazer e claro que tem aqueles que só querem falar. Trabalhando em boa relação entre uns e outros esses diferentes estilos podem complementar-se de maneira que seja libertador para cada pessoa. Em má relação podem levar a lutas de poder sem fim. O ideal é honrar cada estilo e estimular a cada pessoa a crescer mais confortavelmente com estilos diferentes ao seu estilo familiar, pelo menos com a finalidade de entender os outros e para ampliar sua habilidade de abarcar a completa experiência de vida.
Entre consumo corrente, investimento e serviço: a sustentabilidade é fundamentalmente entre justeza e equilíbrio através do tempo. Uma das maneiras mais concretas em que as pessoas expressam isso, é através do equilíbrio entre seus gastos (de tempo e dinheiro) e consumos (desde comida até lazer) com os investimentos (desde construções até educação) e o serviço a outros (que pode involucrar tanto o consumo como o investimento). A relação entre o consumo e o investimento é delicada: comer boa comida é um investimento para a saúde do amanhã, enquanto que comer qualquer coisa se converte na mais grosseira forma de consumo.Há valores para distinguir entre o grau em que um gasto irá dar futuros benefícios. Se os benefícios são altos é um investimento, ao contrário, se os benefícios estão principalmente aqui e agora é consumo corrente. Uma vida saudável requer um equilíbrio entre ambos. Nas comunidades, isto pode desequilibrar-se de diversas maneiras. Quando a comunidade esta no meio de construções, esta envolvida num forte processo de investimento. Se a comunidade dedica muito tempo às relações interpessoais e exercícios de crescimento interior, podem rapidamente envolver-se num excesso de consumo, pelo menos em relação ao uso do tempo. O espírito de serviço sustentável pode dar um saudável antídoto para estes desequilíbrios. O serviço se focaliza mais além de si mesmo e pode, de esta maneira levar a pessoa além do consumo centrado em si mesmo. Isto se traduz em uma apropriada nutrição do que é servido hoje para que possa servir amanhã também.

SER ABERTOS E HONESTOS
Finalmente, resulta clara a evidência de que para muitos assuntos comunitários (inclusive os sempre provocatórios temas de sexo, poder e dinheiro): O QUE VOCÊ FAZ É MENOS IMPORTANTE DE QUANTO ABERTA E HONESTAMENTE O FAÇA. Por exemplo: algumas comunidades bem-sucedidas se baseiam no celibato, enquanto outras se baseiam em matrimônios grupais. Estas aproximações aparentemente opostas podem ambas funcionar. Aquilo que não funciona e coloca a comunidade em problemas é quando a teoria não encaixa com o comportamento privado, especialmente quando os que quebram as regras são aqueles em posição de liderança. O assunto do poder oferece um bom exemplo. Muitas comunidades adotam o ideal de completa igualdade de poder, mas de fato a aproximação mais sana no processo de grupo é que se possa reformular seus próprios ideais de maneira que honrem melhor seu significado profundo, por exemplo: justiça igualitária para todos pode ser mais importante que igualdade de poder, e combine melhor com a complexa verdade de suas experiências.

Robert Gilman é diretor do Context Institute. Recebeu o doutorado de astrofísica na Universidade de Princeton. Foi docente da Universidade de Minnesota e fez investigações no Observatório Astrofísico Smithsoniano de Harvard e na NASA. Desde 1975, quando decidiu que "as estrelas podem esperar, mas o planeta não", estudou a sustentabilidade global, investigações do futuro e estratégias para mudanças culturais positivas. Foi fundado e editor da revista INCONTEXT . Tem amplos antecedentes na historia das culturas, teorias inovadoras, economias sustentáveis, tecnologias apropriadas, e conservação de recursos. Com sua esposa Diane desenharam sua própria casa solar. A Reportagem de Eco-vilas e Comunidades Sustentáveis é uma recopilação realizada pelos Gilman, a pedido do Gaia Trust da Dinamarca, em 1991.

Fonte:
http://ecovilas.nexcess.net/portal/index.php?option=com_remository&Itemid=36&func=download&id=6&chk=2e9fed6ab60114ebfc9dc31880336e8e&no_html=1

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