29 de agosto de 2011

Series sobre auto-sustentabilidade

Algumas séries que ensinam técnicas de auto-sustentabilidade.

Ciência Nua e Crua (Rough Science)
Série onde cientistas são desafiados a criar soluções usando ferramentas simples.
http://www.youtube.com/watch?v=JAu5aDxGTHg



À Prova de Tudo (Man vs Wild)
Série de aventura em locais remotos que ensina técnicas de sobrevivência.
Foi nesta série que aprendi a extrair linha e agulha de custura da planta agave.
Não recomendada para vegetarianos.
http://www.youtube.com/watch?v=jEV6Tf17P2I



Survivorman
Semelhante à 'À Prova de Tudo'.
http://www.youtube.com/watch?v=oN9378PyQmw



Em casa com Jamie Oliver (Jamie at Home)
Existem ótimas séries que ensinam a cozinhar. Está se destaca pelo dinamismo e simpatia do apresentador.
http://www.youtube.com/watch?v=c8gGY__Wh8c



Garden Girl TV
Excelente série sobre auto-sustentabilidade focada em ambientes com pouco espaço. Tem uns episódios bem interessantes sobre como fazer fios. Infelizmente não tem versão em português ainda.
http://www.youtube.com/watch?v=RlQaOsDZuBQ


24 de agosto de 2011

Receitas de Colas



Todo o tipo de cola pode ser feita na própria comunidade.


Cola Branca de Trigo

Prepare uma xícara (2,4 dl) de água muito quente. Faça uma mistura rala de 3 colheres de sopa (45 ml) de farinha de trigo branco e água fria. Derrame a mistura fria lentamente na água quente misturando constantemente. Ferva. Quando ela engrossar, deixe esfriar. Espalhe como outra cola qualquer. Para melhorar a resistência da cola, adicione uma colher de sopa (15 ml) de açúcar depois que a cola estiver engrossado. Depois de usar uma porção da cola, re-aqueça o restante em um jarra coberta ou recipiente para estere lizá-la para estocar ou manter refrigerado. Se a farinha de trigo não estiver disponível, outras farinha funcionaram.
Em 1990, a Universidade de Washington mediu o poder de adesão de várias colas:
Adesivo -- Força para descolar
Cola de arroz -- 7,9 libras (3,6kg)
Cola de trigo -- 8,1 libras (3,7kg)
Cola branca -- 7,5 libras (3,4kg)
Cola branca (diluída em água em 1:1) -- 8,1 libras (3,7kg)
http://solarcooking.org/portugues/wheatpaste-pt.htm


Cola de Trigo com Vinagre

MATERIAIS:
- 2 xícaras de chá de água filtrada
- 2 colheres de sopa de farinha trigo
- 1 colher de sopa de vinagre branco
MODO DE FAZER:
Coloque para ferver 1 xícara e meia de água
Dissolva as 2 colheres de farinha de trigo em 1/2 xícara de água fria
Abaixe o fogo e, de uma só vez, derrame na água fervendo a farinha já dissolvida
Vá mexendo sempre, por mais ou menos 10 minutos (vai ficar como um mingau - se desprendendo da panela)
Desligue o fogo e acrescente 1 colher de vinagre. Mexa bem.
Se preferir pode passar pelo coador.
Deixe esfriar.
Pode ser guardada na geladeira por mais ou menos 15 a 20 dias, em pote fechado.
Essa cola pode ser usada na reciclagem com coadores de café, papel de seda, crepom, decoupage em mdf, enfim, substitui a cola branca, e é muito mais barato.
Excelente para quem trabalha com crianças e com dependentes químicos, porque ela não tem cheiro, além de ser muito macia para aplicar.
Na fórmula o vinagre é usado para evitar bichos (se preferir use Pinho Sol ou outro desinfetante).
http://www.flinkiartes.com/2010/07/receita-de-cola-caseira-substitui-cola.html
ou
http://fomoraes.blogspot.com/2009/03/receita-da-cola-de-farinha-de-trigo.html
ou
http://edutiao.multiply.com/recipes/item/1/1
ou
http://www.new-social.com/?p=5732



Cola de Farinha de Arroz

Misture uma parte de farinha de arroz e seis partes de água. Aqueça enquanto mistura para obter uma consistência macia.
http://solarcooking.org/portugues/wheatpaste-pt.htm


Cola de Arroz

Materiais:
200 gramas de arroz
1 1/3 xícara de água
Cozinha
Passo a passo:
Coloque o arroz para ferver junto com a água em uma panela, mas com o fogo baixo. Também pode ser usado o arroz cozido que tenha sobrado do almoço. Quando o arroz fica muito cozido, o amido contido nele dissolve-se na água, o líquido fica mais espesso e branco. Se precisar, coloque mais água.
Filtre o líquido e deixe-o esfriar. Você deve guardá-lo em um frasco hermético e mantê-lo em um lugar arejado. Esta cola de arroz poderá ser conservada durante uma semana ou mais, mas antes de usá-la, agite-a.
http://www.oartesanato.com/218/receita-de-cola-de-arroz


Cola de Polvilho

Tamanho do recipiente: Balde tamanho normal, médio
Ingredientes: Polvilho, tanto faz azedo ou doce, soda cáustica, água e um toco de madeira para mexer.
Então, coloque 1/2 pacote de polvilho no balde, e vá adicionando água devagarinho até virar um leite. Como desmanchar maizena no leite para fazer molho branco. Vá adicionando água até a metade do balde. Ai coloque a soda aos poucos e vá mexendo até virar consistente. Só cuidado que se colocar soda demais vira um pão. Ai se isto acontecer, adicione mais água até ficar liquida de novo.
Pronto, agora este receita de cola, é um tanto corrosiva, cuidado ao mexer com as mãos e coçar o olho depois. O ideal é utilizar aquelas luvas (borracha) de lavar louça e roupa. Utilize roupas velhas.
Existe uma outra maneira de fazer a cola, que é substituindo a soda pela água fervendo. Ferva bastante água e vá adicionando ao polvilho que está no balde.
http://lists.indymedia.org/pipermail/cmi-poa/2004-November/1129-yl.html


Cola Multiuso

Material:
- Isopor
- Gasolina ou acetona
- Frasco de vidro para guardar
Modo de preparo:
Coloque gasolina em um recipiente de vidro até a metade, pique o isopor e coloque aos poucos o isopor no frasco até encher o frasco ou até o liquido sumir. Use uma espátula para pegar a massinha e aplicá-la. Esta cola pode ser usada para vedação de canos, reparos em telhas, colagem de plásticos e madeiras. Cuidado a cola é altamente inflamável e pode demorar até 48 horas para secar dependendo da quantidade aplicada.
Obs: Tem baixa aderência a vidros mas ótima aderência a Plásticos.
http://bemtefiz.com.br/sustentabilidade/colas-caseiras/


Super Cola (cola Super Bonder)
Ingredientes:
- 20 gr. de canudo de plástico vagabundo, desses usados para tomar refrigerante no barzinho (acetato de celulose) cortados em pedacinhos pequenos ou de folhas de acetato (aquelas pastas de escritório para guardar papel).
- 100 ml de acetona
Preparação:
Colocar a acetona em um vidrinho, adicionar os pedacinhos de canudo. Fechar o frasco e aguardar um dia. O resultado é uma cola transparente e consistente, que pode ser usada sem perigo de estragar, mofar ou descolar com o tempo.
A cola também pode ser feita com RASPA DE ACRÍLICO.
O processo e o tempo de maturação é o mesmo.
http://ufrrj99.blogspot.com/2010/07/como-fazer-super-bonder.html


Cola para restaurar peças de cerâmica, porcelana e gesso

Ingredientes:
- 1 clara de ovo
- 2 colheres de sopa de cal
Modo de preparo:
Bata a clara e o cal até a mistura virar uma massa viscosa. Pronto, a massa já pode ser utilizada. Aplique entre os vincos ou entre as juntas do material a ser colado.
http://bemtefiz.com.br/sustentabilidade/colas-caseiras/

17 de agosto de 2011

Cozinha Auto-sustentável



Por Adrian Rupp

O objetivo deste artigo é fornecer dicas para ampliar a auto-sustentabilidade no preparo de alimentos.

São pouco divulgadas as alternativas para reduzir os custos e resolver nossos problemas com recursos próprios, já que nossa dependência é que sustenta muitas empresas. Mas existem soluções que ampliam nossa autonomia, nos empoderam e ampliam nossa segurança.

Clique nas palavras sublinhadas para obter mais informações.



Pré-requisitos


1. Produção de alimentos

Não dá para pensar numa cozinha auto-sustentável sem pensar em produção de alimentos na própria comunidade. Quanto maior a quantidade e variedade melhor. Muitas vezes o potencial culinário de um alimento é desconhecido e por isso há várias listas de receitas com diferentes alimentos neste blog. Isso pode evitar que algum alimento seja menosprezado por sempre ser preparado da mesma forma.

É muito comum comunidades ignorarem alimentos que dispõem e gastarem dinheiro comprando outros. Daí a necessidade de conhecer muitas receitas e descobrir as que podem agradar o gosto das pessoas.


2. Água

Qualquer cozinha usa água e após o alimento, a água é o segundo item mais importante para a auto-sustentabilidade na cozinha.


3. Fogão

Grande parte dos preparos exige aquecimento dos alimentos. Enquanto o paradigma da dependência inseriu o gás e a eletricidade como necessárias para aquecer alimentos, quem busca independência encontra outras alternativas:


Fogueira: É provavelmente a forma mais simples de aquecer alimentos: basta fogo e lenha. Seu uso é parte do que caracteriza o surgimento do ser humano. Hoje já existe uma ampla variedade de técnicas de aquecimento com fogueiras incluindo técnicas que usam pedras aquecidas em fogueiras para ferver ou aquecer refeições.

Sua principal desvantagem é a dificuldade de usa-la em ambientes fechados. A altura do trabalho e falta de uma superficie plana encomodam alguns.

Algumas moradias são construídas de modo a viabilizar o uso de fogueiras internamente para aquecimento, iluminação, afastar insetos e reduzir a umidade. É o caso das casas mbya-guarani.


Fogão à Lenha: Resumidamente é uma fogueira sem seus defeitos. Em contra partida não é portátil e exige lenha num tamanho reduzido. E precisa ser comprado ou fabricado. Em climas muito frios ou úmidos, ela ajuda a deixar o ambiente mais agradável.


Forno de Barro: Muito usado para pães, bolos, pizzas, biscoitos, etc.


Churrasqueira: Muito usadas para assar carnes.


Fogão Solar: É a alternativa menos usada. Só funciona durante o dia e em dias com Sol. E para complicar mais, o cozimento geralmente é mais lento. Porém qualquer comunidade (que tenha Sol) vai ter um ganho econômico se adotar fogões solares. Enquanto as outras alternativas exigem a obtenção de algum combustível acarretando gastos econômicos, o Sol já está ai para cumprir este papel.



Conservação de Alimentos


Este é um tópico bastante complexo, existem livros inteiros sobre isso. Vou citar rapidamente o uso de folhas de eucalipto, retirada do ar de vidros, fervura, desidratação, preparo de geléias, resfriamento usando lagos e rios, etc.

Merece destaque o pouco conhecido refrigerador do deserto também chamado de pote no pote (pot-in-pot). É um sistema de dois potes de barro separados por uma camada de areia molhada. A temperatura interna fica aproximadamente 15ºC mais baixa em relação ao ambiente externo.

O fogão solar de funil é capaz de refrigerar alimentos à noite.

Vídeo ensinando a usar o sistema pot-in-pot: (em inglês)

http://www.youtube.com/watch?v=LfKgOpJc7Ps



Utensílios


Não recomendo os talheres com cabo de plástico pois estragam mais fácil do que os cabos metálicos e de madeira.

Usar recipientes, copos, mamadeiras de plástico, creio que não seja recomendo num país como o Brasil onde o Bisfenol-A ainda é permitido. Sem contar a baixa resistência à altas temperaturas e o gosto que persiste.

Panelas de alumínio ameaçam a saude.

Temos muito a aprender com povos orientais. Indianos usam as mãos como talheres e folhas de bananeiras como pratos. Japoneses utilizam apenas pequenos palitos de madeira (hashi) como talheres.

Eletrodomésticos devem ser evitados, pois geram dependência elétrica e tem manutenção difícil.



Lavando louça


Como lavar menos louça:

Buscar formas de se lavar menos louça é importante para pouparmos tempo, água e sabão. Observem que algumas refeições podem ser comidas com as mãos enquanto outras exigem vários talheres e recipientes. Uma banana, por ex. levada a mesa com a casca vai levar as pessoas a come-la com as mãos enquanto que as mesmas bananas servidas descascadas cobertas com uma calda, demandará um grande volume de louças.

Por outro lado, servir laranjas descascadas e cortadas em cubos cobertas por calda pode poupar um grande numero de facas que seriam usadas se as laranjas fossem apresentas com as cascas. Outra estratégia é planejar a refeição de modo que vários alimentos possas ser consumidos utilizando a mesma louça. Prepara-se mais de um alimento que usa a mesma louça e guardamos os que não usam para outra refeição. Enfim, quem planeja o prato tem poder de reduzir o desperdício de recursos.


O sabão para lavar louça pode ser produzido na comunidade. Pode se usar uma bucha vegetal para lavar.


Os hábitos no preparo de alimentos variam muito entre diferentes comunidades, e não podemos querer que mudanças radicais ocorram em pouco tempo. Cabe a cada comunidade escolher suas próprias práticas. Apenas estou passando algumas dicas que são pouco divulgadas mas que podem reduzir gastos monetários.

16 de agosto de 2011

SliTaz3 remaster Adrian

Atualização:

Testei recentemente o Big Linux e creio que ele é melhor como liveCD do que essa versão do SliTaz3 que apresento aqui:
www.biglinux.com.br
Ele abre vários formatos de vídeos, textos e imagens e é em português. Possui vários aplicativos como pacote office e pode ser carregado para a RAM deixando o drive de CDs livre para usar outros CDs.

Mantenho este post pois para casos específicos talvez ainda seja preferível usar o liveCD apresentado aqui.


Introdução


Várias distribuições do Linux permitem a fácil criação de versões personalizadas. Essas versões são chamadas de 'remasters'. Este post é sobre uma versão liveCD que criei apartir da distribuição SliTaz3.
Este liveCD funciona num computador sem drive de disquetes, sem entrada USB, sem internet, sem disco rígido e sem teclado! Basta iniciar o computador pelo CD e as funcionalidades do computador estão disponíveis. Todo o conteúdo do sistema operacional vai para a memória RAM e o drive de CD/DVD fica livre para o uso.

Alguns artigos da Wikipédia que explicam do que estou falando:

SliTaz
http://pt.wikipedia.org/wiki/SliTaz

Remasterização
http://pt.wikipedia.org/wiki/Remasteriza%C3%A7%C3%A3o

Live CD
http://pt.wikipedia.org/wiki/Live_CD

Memória RAM
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mem%C3%B3ria_RAM

Linux
http://pt.wikipedia.org/wiki/GNU/Linux

Alguns programas que já estavam presentes no SliTaz3:

- Leafpad 0.8.17: Editor de textos simples (em inglês)
- Midori 0.2.4: Navegador de Internet simples (em inglês)
- mtPaint 3.30: Editor de imagens simples (em inglês)
- PCMan 0.5.2: Gerenciador de arquivos (em inglês)
- Transmission 1.76: Cliente Bitorrent (em inglês)
- mhWaveEdit 1.4.16: Editor de audio (em inglês)
- Asunder 1.9: Ripador de CD (em inglês)
- Galculator v1.3.4: Calculadora científica (em inglês)


Modificações


A idéia era criar um liveCD que depende-se menos da internet e fosse apto a abrir um número maior de arquivos.
Nenhum pacote do SliTaz3 foi excluido. Foram adicionados jogos do DOS e alguns mapas.
Foram acrescentados os seguintes pacotes:

- VLC 0.9.9a: Tocador de arquivos de video e audio (em inglês)
- Gnumeric: Planilha eletrônica (em inglês)
- Gimp 2.6.8: Editor sofisticado de imagens (em inglês)
- Abiword 2.6.8: editor sofisticado de Textos (em inglês)
- GPeriodic 2.0.10: Tabela periódica dos elementos (em inglês)
- DOSBox v0.73: Emulador de ambiente DOS (em inglês)
- xvkbd: Teclado virtual
- Firefox (Shiretoko): Navegador de Internet (em inglês)
- emelFM2: Gerenciador de arquivos alternativo (em inglês)
- get-flash-plugin: Complemento para o Firefox
- xfce4-mixer: Controle de volume (em inglês)
- GNUChess: Jogo de xadrez
- eBoard: Tabuleiro de xadrez para jogar na Internet ou com o GNUChess (em inglês)
- GTKTetris: Jogo de Tetris (em inglês)
- Sokoban: Jogo de raciocínio (em inglês)
- LBreakout2: Jogo de reflexos (em inglês)
- Xpat2: Jogo paciência (em inglês)
- Wormux: Jogo tipo batalha de minhocas (em inglês)
- Supertux: Jogo tipo Super Mario Bros (em inglês)


Limitações

Algumas deficiencias deste liveCD:

- Não abre arquivos .zip .ppt .rtf .rar entre outros
- Não roda DVDs
- Não abre videos ou audios no formato "geox".
- Não abre audio de arquivos .mp4
- Problemas no programa de criar liveUSB.
- Dificuldades em queimar CDs .ISO
- Programas em inglês.

Estou anotando as deficiencias e penso em criar uma nova versão.


Avisos:

Aviso que não me responsabilizo por nenhum dano que ocorra no hardware e/ou dados perdidos.
Não fiz testes em máquinas com menos de 1Gb de RAM mais creio que ele necessite de um mínimo de 500Mb de RAM.

Tamanho: 195Mb

Link para Download:
http://www.4shared.com/file/ZdoXKdt0/slitazAdrian.html


- Veja também

Informática Sustentável
Disquetes: Uso sustentável

6 de agosto de 2011

Relações intercomunitárias


Por Adrian Rupp

Atualmente as relações que a maioria de nós estabelece são:
indivíduo - governos
indivíduo - empresa
indivíduo - indivíduo

Normalmente são relações de dependência dos indivíduos à empresas e governos, nos aspectos mais básicos da sobrevivência, ditadas pelo lado mais forte (empresas, governos), o que é contrário a segurança, autonomia e auto-sustentabilidade.
Vou tratar neste texto de um outro paradigma, onde pessoas e comunidades são empoderados em vez de serem explorados.


- Porque estabelecer?

Vários motivos levam as comunidades a possuírem relações:

Político: Comunidades unidas com outras comunidades tem mais força política frente a governos, empresas, e outras comunidades. Esta força pode ser usada para conquistar mais liberdade diante de governos opressores por exemplo.

Econômico: Recursos ociosos em uma comunidade podem ser ofertados para outra em troca de recursos que estejam faltando, desenvolvendo economicamente, ambas comunidades. Duas ou mais comunidades podem unir esforços para atingir objetivos que não seriam alcançados apenas com os recursos de uma só comunidade.

Cultural: Hábitos, soluções, conhecimentos, tecnologias, etc. podem ser trocados entre comunidades. Atualmente são pouco difundidos os conhecimentos para a auto-sustentabilidade, mas eles estão em abundancia em qualquer comunidade que busque este ideal. Pode-se aprender muito com outras comunidades, principalmente com as que nos parecem mais estranhas. No pior caso se aprende como não se deve fazer.

Segurança: Catástrofes de todo o tipo podem acontecer e ter apoio de outras comunidades é fundamental nestes momentos.


- Como estabelecer?

Relações entre comunidades com afinidades ideológicas ou culturais surgem de forma bastante fácil e natural, a dificuldade ocorre na medida em que a diferença cultural aumenta. Se faz necessário conhecimentos sobre a língua da comunidade, valores culturais, cosmovisão, etc. E acima de tudo: muita diplomacia.

Nossa tendência é sempre achar que nossos valores, hábitos, modo de vida, são os corretos e os dos outros estão errados, por desconhecimento, ignorância dos que praticam. Um ocidental vê as crianças numa comunidade andando sem calçados e imagina que essa comunidade é muito pobre, ignorante sobre cuidados com saúde, ou tem preguiça de fazer/comprar calçados. Pode imaginar que faria uma coisa boa explicando como se faz calçados ou doando. Quando de fato o que ocorre é que muitas comunidades consideram que é sagrado o contato entre as pessoas e a Terra, assim sendo nada deveria ser colocado entre os dois. De outro modo ainda, conseguir viver sem usar calçados é uma independência, o tipo de coisa que empodera o ser humano.

Enfim, este é só um exemplo para dizer que nas relações com outras comunidades devemos primeiro nos concentrar em entender e não em julgar. Algumas pessoas tem mais talento, habilidades e conhecimentos e portanto são mais adequadas para estabelecer e manter estas relações e portanto são mais indicadas para este tipo de atividade do que outras pessoas.


O que trocar?

Normalmente se imagina trocas de produtos agrícolas entre comunidades, já que todas as comunidades auto-sustentáveis produzem em alguma medida produtos agrícolas e isso amplia a diversidade de alimentos.

Mas as trocas podem ir além, pode-se ofertar mão de obra, produtos industrializados, cursos, espaços de lazer, etc.

Qualquer comunidade que busca a auto-sustentabilidade acaba por desenvolver algum tipo de indústria: alimentos(vinhos, geléias, frutas cristalizadas, queijos, etc.), ceramica, móveis (de madeira, bambu), papel de fibras vegetais, tintas, brinquedos, etc. Para a auto-sustentabilidade há uma urgência maior em produzir itens consumíveis (alimentos, tintas, fios, papel, água, eletricidade, etc.) do que itens duráveis (ferramentas, eletrônicos, móveis, roupas, etc.).


Pelo que cooperar?

Quando há interesses comuns as comunidades podem trabalhar juntas em vez de apenas estabelecer trocas. Cada comunidade tem recursos limitados, mas comunidades unidas tem mais recursos que podem ser utilizados para desenvolvimentos tecnológicos mais complexos, enfrentar problemas ambientais comuns, buscar a cura de doenças, etc.
Há também a cooperação política, praticamente indispensável para enfrentar governos ou empresas que ameacem as comunidades.
Vale lembrar mais uma vez da diplomacia: nenhuma cooperação pode ser imposta ou realizada sob ameaças. Por mais que entendemos que uma cooperação é indispensável em determinada situação, devemos respeitar a autonomia da outra comunidade.


Formas de trocas econômicas

As trocas podem ocorrer de três modos principais:

Monetária: É a troca mediada por moeda. Em termos de sustentabilidade comunitária sem dúvida é preferível uso de moeda regional, no lugar de moeda nacional. De qualquer modo ficam questões: Quem poderá imprimir/forjar? Será que vai ser garantido o lastro?

Permuta: É a troca direta. Os bens ou serviços são trocados diretamente por outros bens ou serviços.

Dádiva: É quando se oferece algo como presente sem a exigência de uma contra-partida. Considero como troca pois normalmente é realizada por ambas as partes, apenas não há a quantificação do que está se ofertando. Esse sistema é especialmente interessante quando há uma disparidade de desenvolvimento muito grande entre as comunidades. Na maioria das trocas o lado mais poderoso utiliza seu poder para obter vantagem sobre o lado mais fraco. O sistema de dádiva funciona de modo inverso, favorecendo o mais fraco diante do mais forte. Portanto é um sistema mais solidário do que os demais. Alguns criticam este sistema dizendo que ele compromete a sustentabilidade. É importante entender que o que é ofertado é parte do excedente, de modo que não prejudica de modo nenhum a sustentabilidade.
Na medida em que uma comunidade recebe apoio ela se torna apta a apoiar outras comunidades, criando um círculo virtuoso de abundância. A comunidade que doa para mais comunidades tende a ser a que mais recebe.


Relações 'comunidade - governos/empresas'

Várias comunidades estão se dedicando a estreitar laços com governos/empresas, acreditando que os mesmos são poderosos aliados. Isso é uma meia verdade. De fato são poderosos, mas não são aliados. Os objetivos dos governos são diferentes dos objetivos das comunidades no que observo no Brasil. Nossos políticos visam a conquista e a perpetuação no poder e a organização auto-sustentável torna o Estado antiquado e desnecessário. Portanto vejo como absurdo acreditar que vai partir do Estado/empresa os meios da conquista da autonomia, poder, liberdade, etc.
Mas enfim, essa é uma crença pessoal, para quem não acredita nisso sugiro que mesmo assim busque o fortalecimento das relações intercomunitárias, pois seja qual for o quadro futuro, tais relações serão interessantes para a comunidade.
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