12 de novembro de 2009

Praticar Culturas para um abastecimento alimentar em continuidade

Por FAO

Uma horta que produz alimentos durante todo o ano representa a melhor segurança alimentar para as famílias e as comunidades do mundo rural.

É muito importante para uma família ter reservas de alimentos ou dinheiro (ou ambos) para poder fazer face às penúrias sazonais de géneros alimentares de base, às situações de urgência ou ainda às ocasiões especiais. Por exemplo, se um agricultor ficar doente e não puder trabalhar, ou se a sua colheita dos alimentos de base for má, os produtos da horta podem contribuir para a satisfação das necessidades alimentares essenciais da família.

Muitas aldeias ficam situadas longe das cidades e dos mercados. Os víveres provenientes do exterior são muitas vezes caros e difíceis de transportar, sobretudo quando as chuvas fortes inundam ou estragam as estradas. O facto de produzir alimentos no local permite poupar dinheiro e esforços, e garantir um aprovisionamento alimentar regular, mesmo se as estradas estiverem cortadas.

PLANIFICAR A PRODUÇÃO E A DISPONIBILIDADE DE ALIMENTOS PARA TODO O ANO

Planificar uma horta, para que ela possa garantir durante todo o ano uma provisão de alimentos em continuidade, é um processo que requer competências de gestão e conhecimentos sobre os seguintes assuntos:

- tipos de culturas que crescem bem na região;

- datas certas de sementeira ou de plantação das diferentes culturas para obter os melhores rendimentos;

- duração do período de crescimento dos diferentes tipos de culturas hortícolas;

- tempo durante o qual uma cultura pode fornecer alimento à família antes de precisar de ser substituída;

- culturas resistentes à seca (se a região tem falta de água);

- culturas que possam tolerar terras húmidas (por exemplo, pântanos ou terras alagadas).

Estes conhecimentos permitem ao horticultor escolher os tipos de culturas a praticar, as datas da sementeira ou da plantação, a localização e as associações de culturas. O horticultor deve conhecer bem as vantagens das sebes vivas, da cultura múltipla, da cultura em diferentes níveis, das árvores de fruto e das parcelas de cultura intensiva de legumes para delas tirar proveito. Estes assuntos são tratados nas Rubricas Tecnológicas de Horticultura de 11 a 15.

Com estes conhecimentos presentes, um horticultor pode planificar diferentes tipos de culturas que permitam obter durante todo o ano quantidades adequadas de alimentos fres-cos ou de conserva (por exemplo legumes, leguminosas, frutos, raízes e tubérculos).

Árvores de fruto

Certas árvores de fruto podem produzir durante todo o ano, e outras apenas durante determinadas estações. É importante escolher árvores que produzam frutos que amadurecem em diferentes épocas do ano e incluir igualmente árvores de fruto que produzam ao longo de todo o ano, por exemplo, a bananeira.

Algumas árvores (limoeiro, mangueira, abacateiro, por exemplo) levam muito tempo para dar frutos, mas depois produzem durante muito tempo sem necessidade de serem substituídas. O melhor método é seleccionar árvores que dêem fruto rapidamente (por exemplo, papaieira, bananeira, goiabeira) e plantá-las com outras que levam mais tempo a dar fruto (ver o Quadro 1). O horticultor pode utilizar técnicas como a enxertia para reduzir o tempo entre a plantação e a frutificação. Para mais detalhes sobre enxertia, ver a Rubrica Tecnológica de Horticultura 16, "Técnicas de multiplicação das plantas".

QUADRO 1
Idade das árvores quando começam a dar fruto

Árvore
Começo da frutificação
(anos depois da plantação)

Abacateiro
7-10

Bananeira
1

Citrinos
4-6

Goiabeira
2-3

Mangueira
5-7

Papaieira
1


Legumes de folhas verdes

A maior parte dos legumes de folhas verdes consumidos em África podem ser colhidos mais do que uma vez antes de voltarem a ser semeados ou plantados de novo. Uma grande variedade de legumes de folha está pronta para a colheita três ou quatro semanas depois da sementeira e continua a produzir por algum tempo (ver o Quadro 2). Certos legumes de folhas verdes crescem rapidamente, mas não podem ser colhidos mais do que quatro vezes no máximo antes da nova sementeira (por exemplo, o amaranto e algumas variedades de colza), enquanto que outras variedades dão folhas comestíveis durante todo o ano (por exemplo, mululu e a mandioca). É aconselhável misturar a cultura de legumes de folha de maturação rápida com a de legumes de maturação lenta. Estes últimos fornecem legumes à família durante longos períodos de tempo, o que evita replantá-los muitas vezes.

É também importante considerar que há períodos em que certos legumes de folha não são utilizáveis. Por exemplo, as folhas de mandioca são muito amargas durante a estação seca. Assim, o horticultor deve assegurar-se de que outros legumes possam ser consumidos em alternativa.

O quadro 2 dá alguns exemplos do tempo de crescimento de diferentes legumes, assim como do tempo durante o qual uma família pode beneficiar de uma cultura, antes de replantar. Quando as plantas vivem muito tempo, como o mululu ou a mandioca, as suas folhas podem ser colhidas muitas vezes durante o ano, enquanto que o amaranto só é colhido duas ou três vezes antes de ser semeado de novo.

QUADRO 2
Tempo que decorre entre a sementeira ou a plantação e a primeira colheita, e a duração do período de colheita

Cultura
Tempo necessário entre a sementeira ou a plantação e a primeira colheita
Duração do período de colheita antes de ser necessária a replantação

Amaranto
1 mês
2-3 colheitas

Batate-doce, folhas de
1 mês
3-4 meses*

Beringela africana
3 meses
2-3 meses

Tomate
3 meses
2 meses

Mandioca, folhas de
3-4 meses
1,5-2 anos*

Malagueta
4 meses
1-2 meses

Mululu
7-9 meses
3-5 anos


* Pode-se continuar a colher as folhas (excepto durante a estação seca) até à colheita dos tubérculos.

Leguminosas

Convém seleccionar as leguminosas de acordo com a estação e com as características adequadas à região. As leguminosas como o feijão-nhemba, o amendoim e o feijão-bambara, são normalmente associadas com outras culturas, como o milho. As leguminosas podem, assim, crescer na horta se houver água suficiente. Por exemplo, algumas culturas de feijão-nhemba de maturação precoce podem ser plantadas no início da estação das chuvas. Uma segunda cultura pode ser plantada na segunda metade da estação das chuvas. Se só se cultivar uma variedade leguminosa por ano, é necessário armazená-la para evitar perdas depois da colheita, especialmente por ataques de gorgulho.

Culturas que dão mais de um tipo de alimento

Os horticultores devem seleccionar tipos de culturas que dão mais do que uma categoria de alimentos. Em função dos hábitos alimentares locais, culturas como a mandioca, a batata-doce, a matabala, o feijão, o feijão-nhemba e a abóbora, fornecem à família tanto o alimento de base como legumes secos e legumes de folha.

Assegurar-se de que as plantas jovens e o material de plantação estão prontos

A cultura de plantas alimentares para assegurar um aprovisionamento em continuidade é indissociável da utilização permanente e eficaz da terra e de outros recursos limitados (água, mão-de-obra familiar, material de plantação), o que exige uma planificação minuciosa. O horticultor deve preparar as plântulas, ou o material de plantação, para o transplante, ou para a plantação, na altura da colheita de outras culturas, e ter em consideração a rotação das culturas.

CONSERVAÇÃO E ARMAZENAGEM DE ALIMENTOS SAZONAIS

O excedente de um produto sazonal pode ser conservado e armazenado para ser utilizado mais tarde. Algumas raízes carnudas são reservas vivas de alimentos que podem ser deixadas no solo até serem necessárias. Muitas destas raízes carnudas também fornecem folhas nutritivas (por exemplo mandioca e batata-doce). A Rubrica Tecnológica de Horticultura 18 dá detalhes sobre a transformação, a conservação e a armazenagem de culturas hortícolas. Ver igualmente o Anexo 3.

UTILIZAÇÃO DOS RENDIMENTOS DA HORTA PARA COMPRAR OUTROS ALIMENTOS

Nem sempre é possível produzir todos os tipos de alimentos que satisfaçam as necessidades diárias de uma família. É pois necessário vender o excesso de alimentos de base, legumes e frutos (quer dizer, os que não são necessários para o consumo actual ou futuro da família) e utilizar o dinheiro para comprar géneros alimentares que a família não pode produzir (por exemplo, óleo, açúcar, alimentos de base, legumes, e frutos suplementares) ou para cobrir outras despesas não alimentares da família (por exemplo, combustível, sabão, medicamentos, custos escolares).

Fontes:
http://74.125.47.132/search?q=cache:4fo3VSDw5XQJ:www.fao.org/docrep/007/x3996p/x3996p0t.htm+Uma+horta+que+produz+alimentos+durante+todo+o+ano+representa+a+melhor&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
ou
http://books.google.com.br/books?id=USvx3ccSstQC&lpg=PA205&ots=0bGheri0ub&dq=%22Uma%20horta%20que%20produz%20alimentos%20durante%20todo%20o%20ano%20representa%20a%20melhor%22&pg=PA205#v=onepage&q=%22Uma%20horta%20que%20produz%20alimentos%20durante%20todo%20o%20ano%20representa%20a%20melhor%22&f=false


- Veja também:
Receitas de Geléias
Como cultivar um pomar

11 de novembro de 2009

Informática Sustentável

Por Adrian Rupp

O atual paradigma da informática, pouco tem relação com a sustentabilidade comunitária. Ele é marcado por:

- Compra constantes de equipamentos com maior capacidade.
- Descarte constante de equipamentos com menor capacidade.
- Desconhecimento por parte dos usuários de como usar de modo mais livre estas tecnologias.

Devo dizer que nenhuma comunidade é obrigada a utilizar a informática. Milhares de comunidades tiveram muito sucesso passando longe destas tecnologias. Existe uma forte campanha nos convencendo de que precisamos disso e que só existem vantagens na informatização. Mas existe uma lista de desvantagens que só são percebidas se olharmos de forma crítica. Portanto o que resta fazer é avaliar os prós e contras em utilizar a informática, para tomarmos consciência das consequências da escolha de usar ou não estas tecnologias. Acho que não é tão difícil fazer está avaliação em comparação a projetar a melhor forma de tornar o uso sustentável. Portanto vou ficar com a segunda opção neste texto.


Como manter a informática numa comunidade auto-sustentável

O funcionamento básico de um computador é o seguinte: Entra energia e dados, ocorre o processamento, saem dados. Essa máquina é muito exigente com relação a qualidade da energia o que faz necessário o uso de estabilizadores. Essa energia pode vir de qualquer fonte: eólica, solar, biomassa, lenha, etc. Os dados entram pelo teclado, mouse, scanner, tela sensível ao toque. O computador foi projetado de tal modo que o teclado é indispensável, enquanto mouse, scanner e outros periféricos de entrada são opcionais. Para a saída dos dados existe o monitor, os autofalantes, impressoras, etc. De modo similar a entrada de dados, a saída exige um monitor e trata os outros periféricos de saída como opcionais.

Portanto já sabemos que vamos necessitar obrigatoriamente de um teclado e monitor. Para escolher estes equipamentos necessitamos avaliar:

- Qual modelo tem mais durabilidade
- Qual modelo é compatível com a placa mãe
- Qual modelo tem uma manutenção mais viável
Em alguns casos ainda se faz necessário avaliar o consumo de energia.

O processamento dos dados exige a presença dos elementos: placa-mãe, memória RAM, processador e drive de mídia. A placa mãe é que vai definir como serão os outros componentes já que todos deverão ser compatíveis com ela. No geral placas mães mais modernas consomem mais energia.

Existem diferentes dispositivos para armazenar os dados: disco-rígido, disquetes, cd-roms, dvd-roms, pen-drives, etc. Cada um com seu conjunto próprio de vantagens de desvantagens. Penso que o melhor é projetar um conjunto utilizando no mínimo dois tipo de mídias, por exemplo: disco-rígido e cd-roms ou disco-rígido e disquetes. O disco rígido é um ótimo dispositivo para armazenar dados, mas ele é dispensável. Penso que o melhor seja projetar o uso da informática de tal forma que seja viável viver sem ele. Isso é feito usando sistemas operacionais e programas que são instalados em disquetes ou cd-roms. Assim, perdendo o disco-rígido e o disco rígido reserva, todo o conjuto (teclado, monitor, estabilizador, placa-mãe, memória RAM, processador e outros periféricos), ainda são úteis.

Assim o hardware (parte fisica do computador) seria o seguinte:
Estabilizador (x2)
Fonte (x2)
Placa mãe (x2)
Memória RAM (x2)
Processador (x2)
Drives de mídias (x2) que poderiam ser: disco-rígido e cd-roms ou disco-rígido e disquetes ou outra combinação
Drive de mídia principal (x2)
Drive de mídia secundário (x2)
Teclado (x2)
Monitor (x2)

Pode parecer muita coisa mas em apenas descrevi dois computadores com peças totalmente intercambiáveis. Um deles será o titular e o outro o reserva. Cada vez que uma destas partes tem uma falha irreparável ela é substituída usando a peça que estava no computador reserva. Tal ocorrência deve ter sua causa encontrada para que o mesmo não ocorra com a peça sobressalente. Várias medidas devem ser tomadas para garatir uma longevidade, para começar siga o manual de instruções de cada componente. Outra questão, quase óbvia, é que a comunidade precisa possuir uma oficina para manutenção de computadores. Talvez uma falha irreparável não seja realmente irreparável se houver alguém que olhe de novo para problema com mais carinho.


Uso racional de mídias de armazenamento

Toda a mídia de armazenamento possuí um limite de espaço. Tal limite pode ser vencido de duas formas: comprando mais mídia ou fazendo um uso racional. A primeira opção não é válida para comunidades auto-sustentáveis. Assim resta fazer um planejamento para que a comunidade não entre numa forte dependência externa. Existem várias maneiras de evitar essa dependência:

- Limitar o tamanho dos arquivos de acordo com a mídia
O que sugiro é que se considere a capacidade total da mídia para definir o tamanho dos arquivos que serão quardados. Deste modo a mídia será usada de acordo com sua vocação e a perda de arquivos será menos frequente. O calculo que sugiro é o seguinte:

Espaço total da mídia dividido por 50.Por Exemplo:
Pendrive de 1GB: Espaço total = 977MB / 50 = 19,54MB ou aproximadamente 20MB

Assim a vocação deste pendrive é quardar arquivos de até 20MB. Esse alvo pode ser atingido escolhendo programas e jogos menores, compactando programas e arquivos e convertendo vídeos, músicas, fotos, textos, etc., para que ocupem menos espaço.

Unindo essa estratégia e a função multi-seção da gravação de CDs e DVDs estas mídias podem ser utilizadas várias vezes para novas gravações.
O resultado é que o uso foi racionalizado e a mídia adquiriu mais funções. O risco de perda de arquivos por defeitos na mídia também se torna menor.

- Escolha dos arquivos importantes
Um uso racionalizado envolve em certa medida a opção entre um arquivo ou outro. Mesmo limitando o espaço máximo de cada arquivo, ainda assim podemos chegar numa superlotação. A estratégia passa a ser excluir arquivos que não são essenciais. Algum destes podem permanecer quardados em mídias de backup, mantendo as mídias de uso constante com espaço livre para a utilização. O ideal é previnir a superlotação fazendo faxinas antes de se chegar a situação limite, que fica mais difícil de ser enfrentada se for num momento inoportuno.


Opções de Softwares

Todo computadore precisa de um sistema operacional. Apesar de ser muito utilizado, o Windows tem falhas de sustentabilidade. Em primeiro lugar, o Windows XP exige um licença para cada computador onde é instalado e uma validação via Internet. Ele ainda exige um drive de CD-ROM. Talvez a pior limitação seja que ele não funciona a partir de mídias removíveis como pendrives, disquetes, CD-ROMs, DVD-ROMs, etc. Por outro lado existem sistemas operacionais que podem ser usados mesmo que o computador não tenha um disco rígido. Apartir de um LiveCD, por exemplo, várias distribuições de Linux podem ser acessadas. O sistema DOS é extremamente enxuto e permite o uso do computador a partir de disquetes. Assim, os dois tipos de dispositivos de armazanamento podem dar o boot na máquina e na falta de um, ainda teremos o outro.

Segue-se a mesma estratégia com relação aos programas. Cada função do computador, como por exemplo edição de imagens, tendo dois programas que são capazes de realizá-la. Deste modo, as limitações de um programa são compensadas pelo segundo.
Ainda pensando em não enforcar o uso do computador é necessário mais de uma pessoa capaz de usá-lo, mais de uma capaz de consertá-lo e mais de uma fonte de energia (eólica, solar, biogás, etc.).

Opções Avançadas

Observando as recomendações acima acredito que seja possível um uso independente e sustentável da informática por um longo período. Mas uma comunidade por optar por desenvolver-se dando ênfase nesta área. Isso pode se dar com o desenvolvimento de softwares, produção de placas de eletrônica, usinagem de peças, etc. Com isso a sustentabilidade se amplia para um nível além do essencial, o que gera custos maiores mas por outro lado permite ofertar essa produção em mercados de trocas com outras comunidades.
Este texto não esgota o tema. Mas já abre caminhos para pensar e planejar o uso de tecnologias sofisticadas em comunidades auto-suficientes.

- Para entender melhor:

Antigo texto que escrevi sobre isso:
http://br.groups.yahoo.com/group/sustentacomuni/message/51

Algumas páginas da Wikipédia que ajudam a entender o assunto:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Livecd
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dispositivo_de_armazenamento
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mem%C3%B3ria_ram
http://pt.wikipedia.org/wiki/Software_livre
http://pt.wikipedia.org/wiki/Disco_r%C3%ADgido

Outros artigos neste blog:

CDs - Uso Auto-sustentável
http://sustentacomuni.blogspot.com/2011/02/cds-uso-auto-sustentavel.html

Disquetes úteis
http://sustentacomuni.blogspot.com/2011/01/disquetes-uteis.html

SliTaz3 remaster Adrian
http://sustentacomuni.blogspot.com/2010/06/slitaz3-remaster-adrian.html

Disquetes: Uso sustentável
http://sustentacomuni.blogspot.com/2010/05/disquetes-uso-sustentavel.html



Comentário de Victor Kerber, Analista de banco de dados:

Caros amigos e visitantes,

Creio este ser um assunto complexo (devido a sua dificuldade implantação e pelo número de possibilidades e opções oferecidas), com tudo, visualizando externamente o assunto, vejo a informática como uma dependência mundial, vendo a mesma, como ferramenta.

Ferramenta esta que pode ser para melhorar o ensino e a didática, administração, pesquisas e por ai vai... Sei que o foco de comunidades auto-sustentáveis é justamente não possuir qualquer tipo de dependência externa se possível, ou pelo menos tentar minimizar ao máximo, estas dependências.

No caso da informática, vejo como uma necessidade, que pode vir a se tornar uma dependência ou não, que pode vir a ferir os princípios de uma comunidade ou não... Digo isso pelo fato de estes acontecimentos estarem diretamente ligados a gestão dos recursos e a forma como os moderadores ou administradores da comunidade em questão cuidará e administrará tais recursos, a forma que conduzirão a informatização.
Resumindo, o uso da informática deve chamar telemática, pois já vejo como o setor que gerencia os recursos de informática e telecomunicações e os seus meios, deverão estar condicionadas a capacidade da comunidade como um todo de administrar e utilizar de forma racional os recursos desta área... Ou seja, depende de como será aplicado este recurso na comunidade.

Com certeza o primeiro grande passo para verificar a possibilidade, e decidir pelo uso da telemática ou não na comunidade, devera ser o estudo de caso e a definição exata do seu uso, assim como a disponibilização do recurso, realizando alguns dos seguintes questionamentos:

Por que, para que, quando, quanto, como, por quanto tempo, que tecnologia usar... são apenas algumas das questões que devem estar bem claras antes de iniciar qualquer implantação.

Apos a respostas destas e de outras questões, deve se analisar a capacidade, a necessidade e a possibilidade de montar ou eleger na comunidade uma equipe de telemática, que devera exercer toda implantação, manutenção e bem como estudo de investimentos futuro em novas tecnologias e claro proverem e fornecer o correto treinamento e suporte dos usuários e formar novos técnicos para atenderem as demandas conforme o crescimento e desenvolvimento da comunidade.

O passo seguinte devera ser a decisão por (quais equipamentos utilizar, quais programas utilizar, quais periféricos, mídias e acessórios utilizar, qual a forma de implantação e manutenção de tais tecnologias e principalmente os custos e a porcentagem de dependência externa que será causada por tais escolhas), para que se defina o que adquirir e comprar ou ainda em alguns casos produzir.

Depois de escolhidas e implantadas as tecnologias, devera ser feita toda documentação técnica (manuais e tutoriais sobre instalação, funcionamento e manutenção) de todos os equipamentos e softwares aplicados e utilizados, de forma que com o andar do tempo possa se realizar a sucessão da gerencia de telemática e sua equipe técnica sem dores de cabeça, prejuízos e perdas... Partindo do principio de comunidade auto-sustentável, será imprescindível que todo o material desenvolvido dentro e para a comunidade deva estar documentado conforme mencionado acima e disponível a todos de forma totalmente gratuita e desguarnecida de direitos autorais.

Finalizando a questão, vou lembrar que, é sim, plenamente viável ser auto-sustentável e ao mesmo tempo viver e utilizar a tecnologia, utilizando a como ferramenta para o desenvolvimento e administração da comunidade.

Vale lembra ainda, fazendo referencia a opção de equipamentos e softwares disponíveis, que também podemos rodar e armazenar dados e sistemas operacionais em cartões de memória flash (memory sticks) em discos virtuais na internet e em emails (citando o exemplo do Gmail, da Google que atualmente fornece o maior espaço em disco e ainda fornece ferramentas como agenda, editor de planilhas, editor de texto, editor de apresentações (vulgo Power Point da Microsoft) e ainda a possibilidade de salvar e armazenar estes documentos em seus servidores que possuem redundância na Europa, America do sul e America do norte, o que favorece a preservação dos dados mesmo que ocorram catástrofes em seus datacenters tudo totalmente gratuito ao usuário.

Temos também dentro da área de sistemas operacionais, alternativas gratuitas aos sistemas pagos (mediante compra de licença), como por exemplo, ao invés de utilizar o Windows da Microsoft temos uma excelente opção de Linux, com distribuição Ubuntu onde os desenvolvedores tomaram todo o cuidado para deixar o sistema mais gráfico e simples possível para que qualquer usuário com ou sem experiência possa fazer uso com tranqüilidade e a mesma produtividade que teria no sistema Windows.

Como base de dados, temos como exemplo gratuito o POSTGRESQL, um poderoso banco de dados relacional que vem nativamente em distribuições Linux, sendo totalmente gratuito e com suporte pela comunidade internacional de software livre.

E por ai vamos... Para conjunto de aplicações de escritório, editores de texto, planilhas e etc. Temos duas opções, o open Office e o Broffice sendo esta segunda, uma melhoria da primeira realizada por uma equipe brasileira e sendo totalmente em português.

Então deixo claro que sou a favor da telemática em prol da comunidade desde que bem gerenciada e que acredito poder utilizar tais recursos sem ferir ou ferindo minimamente os conceitos e valores das eco-vilas e comunidades auto-sustentáveis.

Lembro a todos que excelentes resultados dependem diretamente de excelentes escolhas!

- Veja também:
Videos Energia Eolica
Os males da Escrita

7 de novembro de 2009

Hidroenergia - A força das águas

Por Rômulo Rostand de Araújo Rodrigues

A Hidroenergia, aproveitamento das quedas d’água, tem a energia solar como fonte de renovação. O ciclo se dá através da evaporação da água dos rios, lagos, mares e oceanos, pela radiação solar direta e os ventos. O vapor d’água mistura-se com o ar atmosférico e sobe até formar as nuvens. Boa parte dessas nuvens é transportada pelos ventos até regiões de maior altitude. Através da chuva, a água é devolvida ao solo, passando a alimentar os rios em seus fluxos descendentes. A retenção temporária da água e liberação gradativa pelo solo e vegetação tem papel importante: o de perenização dos rios, funcionando como um regulador natural e garantindo uma certa estabilidade de vazão. Secundariamente, os lagos também contribuem para esse controle.

CARACTERÍSTICAS DA HIDROENERGIA

A hidroenergia possui vários atrativos. Entre eles, os sistemas de conversão apresentam alto rendimento - segundo Palz1 o rendimento na conversão de água represada em eletricidade pode chegar a valores próximos de 90 %. É facilmente armazenável na forma de energia potencial através de lagos, que podem ser artificiais. O controle da potência de saída é obtido com relativa facilidade e boa eficiência. Apresenta baixo nível der ruído e vibrações e pode ter baixíssimo impacto ambiental, caso das micro-usinas. Esses fatores tornam a hidroenergia uma das mais atrativas e de menor custo, inclusive ambiental. Tornando-a interessante até como forma de armazenamento em sistemas eólicos, para dar-lhes estabilidade e ou autonomia. Sua maior limitação como fonte energética está na disponibilidade, só algumas regiões dispõem de quedas d’água aproveitáveis.

PRIMEIROS REGISTROS DA UTILIZAÇÃO

Depois da força muscular e dos ventos, em embarcações, a primeira fonte de energia explorada pelo homem para obter energia mecânica foi seguramente a força das quedas d’água. Segundo Usher2, os primeiros usos da energia hidráulica vieram com a Nora, a roda d’água horizontal com acionamento direto e a roda d’água com engrenagens. Ele considerava que os três mecanismos tinham concepções distintas entre si. Ainda para Usher, apesar de não haver relatos sucintos e seguros o suficiente para se estimar datas, pode-se afirmar que o conhecimento da nora movida à água e do moinho com engrenagens já estava bastante sedimentado no final do primeiro século antes de Cristo. Quanto a roda d’água horizontal, por falta de registros confiáveis, achava apenas provável que já estivesse em uso. No tratado de Filon de Bizâncio, uma mostra aproximada das realizações mecânicas do século III a.C., já figuravam três aplicações de rodas d’água altas em dispositivos pequenos. Sobre as restrições dos registros de utilização de rodas d’água, Usher aponta algumas considerações pelas quais não pode dar um alto grau de certeza da veracidade ou descrição exata da concepção dos dispositivos: Os documentos na sua maioria são incompletos e, em geral, chegaram aos dias atuais como cópias e traduções sucessivas por diversas gerações e com alternância de diversos idiomas, carregando suspeitas de terem recebido revisões em seu conteúdo. Alguns se perderam, restando apenas referências em obras posteriores, caso do tratado de Ctesibius. A imprecisão nos desenhos e descrições juntamente com os poucos registros arqueológicos, aumentam a dificuldade. Além disso, a roda d’água, assim como o moinho de vento, não teve seu desenvolvimento ou concepção de forma pontual, seja em tempo ou espaço geográfico.

As referências para sua utilização após o século X na Europa são bem mais fartas. Na Enciclopédia Como Funciona, os autores citam que “... o registro do Domesday Book (cadastro das terras da Inglaterra elaborado por Guilherme, o Conquistador, em 1806) mostra que, para 3000 comunidades, havia no país 5.624 moinhos d’água” 5.

A importância das rodas d’água na revolução industrial e em todo o desenvolvimento tecnológico é destacada por diversos autores. A abundância de rios perenes na Europa, permitindo largo uso da roda d’água, foi fator essencial para o desenvolvimento da indústria, principalmente a siderúrgica, um dos suportes da revolução industrial.

Um outro dispositivo primitivo e bem distinto, com poucas referências em relação a sua origem é o monjolo. Utilizado para socar milho, arroz, café e amendoim, o monjolo tem seu uso no país desde a época colonial podendo ser encontrado em algumas regiões com disponibilidade de quedas d’água, com boa incidência em São Paulo e Espírito Santo.De dimensões reduzidas, feito a partir de troncos de árvores, o monjolo funciona como um balancim em movimento oscilante, repetido graças variação de equilíbrio dada alternadamente pelo enchimento da cavidade existente em uma de suas extremidades por um filete de água e posterior esvaziamento que ocorre em conseqüência da inclinação da haste, resultante do enchimento. Segundo o site Jangada Brasil, o monjolo teve sua origem na Ásia:

Não se sabe ao certo sua origem; sabe-se, porém, que Braz Cubas foi quem primeiro providenciou a sua instalação nas proximidades da atual cidade paulista de Santos, quando de sua fundação. Os índios logo denominaram a rudimentar máquina de enguaguaçu, que significa: pilão grande, nome que passou à localidade onde o primeiro foi instalado.

Supõe-se que o monjolo foi trazido ao Brasil pelos povoadores portugueses da China. Na verdade, na seção chinesa da Exposição Universal de 1873, em Viena, foram expostos modelos de monjolos, denominados chui toi no Celeste Império. 6

O monjolo pode ainda ser encontrado funcionando em algumas regiões do Brasil, pelo menos como atrativo turístico em hotéis fazenda.

SURGIMENTO DAS TURBINAS HIDRÁULICAS

A máquina a vapor representou grande impulso na revolução industrial. As industrias, antes quase que exclusivamente instaladas junto a quedas d’água, principal força motriz até então, passaram a contar com uma nova propulsão que não dependia mais da localização geográfica podendo produzir energia em quantidades bem maiores que as que se obtinha até então, seja com a força animal, moinhos de vento ou rodas d’água. Unidades de geração de força passaram a ser possível em qualquer lugar onde houvesse disponibilidade de combustível, viabilizando novas unidades industriais, antes impensadas, seja pelo local da instalação ou pelo volume de produção.

É incontestável a grande ampliação de alcance que a máquina a vapor trouxe para a indústria, abrindo novos horizontes. Mas seu desenvolvimento não relegou o papel da roda d’água a segundo plano. O fato de que as regiões que detinham a produção até então dispunham de importantes fontes de hidroenergia e nem sempre podiam dispor de carvão a preços razoáveis com facilidade, garantiu a continuidade do incentivo ao desenvolvimento dos motores hidráulicos.

Essa busca por máquinas mais eficientes resultou, por refinamento sucessivo, na turbina hidráulica por Fourneyron, em1832. Os tipos de roda d’água até então conhecidos - o vertical e o horizontal - tinham como limitações: o aproveitamento parcial do potencial de queda d’água disponível, exigir grandes dimensões por unidade de potência e apresentar baixo rendimento. Em comparação com os modelos primitivos de roda d’água a turbina trouxe novos parâmetros de eficiência energética, tamanho reduzido e maior capacidade de aproveitamento da energia potencial das quedas d’água, chegando a níveis da quase totalidade.

Os três tipos de motores hidráulicos diferenciam-se quanto a forma de aproveitamento da força d’água. Na roda alta o peso da água aprisionada nas cavidades periféricas (cubas), pelo derramamento do fio de água na parte superior, apenas de um lado, é que resulta na força de torção. Por isso esse tipo é também conhecido como motor hidráulico de nível ou por gravidade. 3

A roda baixa aproveita o impacto da corrente de água na sua parte inferior que fica imersa na correnteza provocando o empuxo em suas pás, que acompanham o fluxo rápido das águas.

Na turbina de ação, a água é represada e canalizada até a mesma, podendo ser aproveitado todo o potencial da altura da queda d’água. A pressão da coluna d’água é transformada em energia cinética pelo escoamento através dos dutos. A ação do fluxo da água interagindo com as pás curvas da turbina numa mudança acentuada de direção provoca a força de torque. O melhor rendimento é alcançado quando a energia cinética na jusante, mais precisamente na saída da turbina, é quase nula. Isto é alcançado quando o deslocamento das pás tem aproximadamente a metade da velocidade do fluxo da água. Aliás, o deslocamento relativo da água em relação às pás é um diferencial do seu funcionamento em relação às rodas d’água, já que naquelas as pás acompanham a velocidade da água.

O desenvolvimento das turbinas de ação trouxe novas possibilidades de exploração da hidroenergia, permitindo se produzir energia em quantidades muitas vezes superiores com instalações bem menores, além de poder explorar potencias antes adversos como as quedas de grande altura e baixa vazão.


HIDROENERGIA E ELETRICIDADE – CASAMENTO BEM SUCEDIDO

A turbina hidráulica ampliou em muito os atrativos da hidroenergia, principalmente para a indústria, que passou a dispor de uma fonte barata e com oferta de grandes potências, sem requerer para isso grandes vazões de água, no caso de haver boa altura de queda. O fato das indústrias necessitarem de serem instaladas junto às quedas d’água continuou sendo um inconveniente. Além disso, em geral só se era aproveitada uma parcela muito pequena do potencial de hidroenergia disponível.

Ainda no século XVIII, com o desenvolvimento do domínio da eletricidade através de descobertas e invenções como o dínamo, o alternador, a lâmpada e do motor elétrico, passou a ser possível se converter energia mecânica em energia elétrica, que por sua vez poderia ser convertida diretamente em diversos outros tipos de energia, atendendo diversas necessidades. Os sistemas comerciais de produção de eletricidade apareceram por volta de 1881, depois do desenvolvimento da lâmpada de Thomas Edison. As primeiras centrais de produção elétrica foram desenvolvidas por Edison. Eram destinadas à iluminação, produziam corrente contínua, acionadas por máquinas a vapor, e ficavam próximo ao ponto de consumo. Mas, em pouco tempo, com o desenvolvimento dos motores, geradores e sistemas de distribuição, o uso da eletricidade se expandiu para a tração e para indústria. O desenvolvimento de sistemas de transmissão em corrente alternada e alta tensão passaram a permitir o transporte de eletricidade a longas distâncias com perdas reduzidas, favorecendo o uso da hidroeletricidade.

Já em 1897 entrou em funcionamento a Niágara Falls, hidrelétrica com sistemas de geração e distribuição idealizados por Nikola Tesla e construídos pela Westinghouse, que se tornou o modelo predominante de geração e distribuição até os dias atuais: geração em corrente alternada e transmissão em alta tensão.

As hidrelétricas, sistemas de conversão da hidroenergia em energia elétrica, representam grande rendimento e versatilidade. Nelas, todas as características de: facilidade de armazenamento, alto rendimento nas conversões e baixo custo da hidroenergia se aliam as da eletricidade.

A eletricidade é um vetor energético - não é uma fonte primária de energia - dos mais versáteis e desejáveis: Permite conversões diretas nos diversos tipos de energia – térmica, luminosa, eletromagnética, química e mecânica - com excelente rendimento. È a energia requerida dos sistemas eletrônicos em geral. Possibilita transporte direto à longa distância com pouca perda. E, os equipamentos para seu uso permitem excelente controle de potência, funcionamento imediato, comando a distância e não apresentam ruído, vibração ou poluição atmosférica.

Sistemas hidroelétricos são viáveis com grande diversidade de configuração e tamanho. As hidrelétricas são classificadas atualmente no Brasil em dois grupos o das PCH – Pequenas Centrais Hidrelétricas e GCH – Grandes Centrais Hidrelétricas. A micro-usinas, divisão menor na sub-classificação das PCH’S, são encontradas comercialmente no Brasil com valores nominais a partir de 300 watts/hora.8

Fonte:
http://www.aondevamos.eng.br/textos/texto07.htm


- Veja também:
A Araucária
Videos Energia Eolica
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