25 de fevereiro de 2010

Construção de uma casa Mbyá

Trecho de um trabalho de mestrado que descreve o processo de construção de uma moradia de pau-a-pique de taquara com taipa de mão, própria dos Mbyá-Guarani.

Por Nauíra Zanardo Zanin

A coleta de dados realizada na Tekoa Koenju, em São Miguel das Missões, por ter sido realizada em várias visitas e com maior período de permanência que nas demais comunidades, permitiu o acompanhamento de etapas do processo construtivo de diferentes habitações. Também ocorreu a observação de uma etapa construtiva, registrada em vídeo pela equipe do INRC, no dia anterior à chegada do pesquisador a campo, de modo que foi possível observar a execução em vídeo e, posteriormente, visitar a construção na etapa em que se encontrava.

Os dados são referentes à observação de mais de uma construção, sendo observadas diferentes etapas, separadamente. Normalmente, a construção é interrompida em caso de chuva, pois a maioria das etapas depende de tempo bom, inclusive para o tratamento de alguns materiais. As etapas de construção das casas foram acompanhadas entre a primavera e o outono (outubro de 2005 a maio de 2006). Aparentemente, não há uma época definida para a construção de casas, pois mesmo durante o inverno de 2006 ocorreram novas construções.

Segundo dados levantados, a construção de uma casa pode levar de uma semana a mais de um mês, de acordo com a técnica utilizada e do local onde será construída, pois depende da acessibilidade aos materiais e influi na durabilidade da edificação. Segundo o Mbyá-Guarani 7, que é um ogapuá (construtor), para a construção de uma casa de taquara completa, com barro, são necessários 35 dias, em 4 a 5 pessoas. Um dos fatores que pode retardar a construção é a coleta do material: “demora para fazer a casa porque tem que buscar o material e preparar” (Mbyá-Guarani 12).

Apresenta-se o corte padrão das edificações (Figura 21), cuja execução foi acompanhada em campo. Neste desenho técnico está representada a nomenclatura Mbyá-Guarani utilizada para os elementos construtivos.

Alguns podem receber variadas denominações (ijytá - apoio, madeira, suporte). Houve a intenção de representar fielmente as diferentes partes da edificação, como a estrutura (ijytá), amarrações (ojokuaá), cobertura de taquara batida (takua oje kava’ekue), fechamentos (ikorá) e, em uma das paredes é representado o recobrimento com taipa de mão (yvy ó). Este desenho gráfico tem o intuito de auxiliar a compreensão das diferentes etapas construtivas, descritas adiante, de acordo com as observações e entrevistas realizadas em campo.



A seguir será descrita a seqüência do processo construtivo de uma casa da tipologia pau-a-pique de taquara com taipa de mão, ocorrente na Tekoa Koenju em São Miguel das Missões:

ETAPAS PROCESSO CONSTRUTIVO
TIPOLOGIA PAU-A-PIQUE DE TAQUARA COM TAIPA DE MÃO - TEKOA KOENJU
1 FUROS PARA FUNDAÇÃO
A primeira etapa na execução de uma casa são as fundações. São definidas as distâncias entre pilares, que correspondem às dimensões da casa. A forma é retangular e as dimensões variam, tendo como medidas mais freqüentes: 3,00x4,00 m, 4,00x5,00 m e 4,00x6,00 m. Na marcação dos furos podem ser utilizados pedaços de taquara, linha de pesca ou cordas, buscando-se distâncias equivalentes para os lados opostos. A fundação é o próprio pilar estrutural, que serve de estaca e os furos são circulares, com aproximadamente um palmo de diâmetro. São executados com cavadeira manual (yvy joá) e a terra também é retirada manualmente, de modo que o furo não excede em profundidade o comprimento do braço daquele que o executa. Em uma construção foram medidos buracos de 40 cm e, em outra, de 60 cm de profundidade.

2 LIMPEZA DO TERRENO
Antes de construir a casa, o pátio é limpo de todas ervas e gramíneas. Assim é configurado e mantido durante todo o uso da edificação. Depois de executarem os furos, começam a capinar com enxada, limpando o terreno sob o sol do meio-dia, para eliminar as raízes. O pátio deve ficar completamente limpo, com a terra exposta.

3 COLETA DO MATERIAL PARA ESTRUTURA
No dia seguinte à limpeza do terreno, saem pela manhã para o mato, a fim de coletar a madeira para a estrutura, que é cortada e carregada de carroça até o local da construção. Para os pilares, são preferíveis os troncos e galhos em forquilha, que devem ter aproximadamente 13 cm de diâmetro. São necessários seis pilares, dois com aproximadamente 250 cm e quatro com aproximadamente 150 cm. Para as vigas de cumeeira e frechais são preferíveis troncos de árvores retas, compridas e um pouco mais finas. São necessárias três vigas, com aproximadamente 500 cm de comprimento e 10 cm de diâmetro. A madeira deve ser cortada, preferencialmente, na lua minguante, assim como os demais elementos vegetais utilizados na construção. Os materiais cortados na lua nova terão menor durabilidade, sendo atacados por fungos e cupins: “para colher a madeira da casa é melhor na lua cheia, minguante ou crescente. Na lua nova não pode, porque fica com muito bicho” (Mbyá-Guarani 7).

4 MONTAGEM DA ESTRUTURA - IJYTÁ
A montagem da estrutura ocorre depois de deixarem os troncos lisos, sem felpas ou cascas. Quando, durante a coleta, não são encontrados troncos com terminação em forquilha, é necessário entalhar a cabeça do pilar para assentar a viga. A estrutura é simplesmente apoiada e não recebe amarrações, mesmo nos casos em que a estrutura é mais leve. Os pilares são encaixados nos buracos de fundação: os dois maiores, na mediatriz da fachada, e os quatro menores, nos cantos. A profundidade da estaca garante a rigidez estrutural. Depois de montada a estrutura, a altura final dos pilares centrais é de, aproximadamente, 2,00 m e laterais, de 1,00 m.

5 COLETA DO MATERIAL PARA COBERTURA
A madeira para a cobertura pode ter sido coletada juntamente com a madeira para a estrutura da casa, mas nos casos observados, a coleta ocorreu depois de montada a estrutura. A madeira para os caibros é bem mais delgada que a utilizada na estrutura, tendo aproximadamente 5 cm de diâmetro. Para os casos observados, devem ser coletados sete troncos finos para os caibros, com cerca de 250 cm de comprimento. A coleta da taquara também deve ser na lua certa (minguante), para que tenha maior durabilidade. Na lua nova não se deve cortar, nem plantar. A taquara também é retirada do mato e transportada, de carroça, até o local da construção, onde é trabalhada. É preciso deixar secar as taquaras ao sol, antes de usar. Antes de secar, as taquaras são talhadas no comprimento com facão. O cipó também deve ser cortado na lua minguante. Segundo Costa e Malhano (1987), é melhor colher o cipó em época de chuvas e mantê-lo molhado, para que permaneça maleável até sua utilização.

6 MONTAGEM COBERTURA - TAKUA OJE KAVA’ EKUE
Os caibros são amarrados firmemente às vigas da cobertura com cipó e podem receber um entalhe, para o melhor encaixe das peças. Acima dos caibros são enlaçadas ripas de meia taquara, com a parte interna voltada para baixo. Para produzir as telhas de cobertura, a taquara é talhada no sentido longitudinal e depois é batida para que se abra, formando uma folha. Primeiro, a taquara sofre este processo de rompimento das fibras, para, posteriormente, secar ao sol. Depois de seca, é dobrada no sentido transversal, com a superfície interna da folha para fora, e encaixada nas ripas de meia taquara, envelopando-as. As telhas (takua oje kava’ ekue) devem se sobrepor, a fim de cobrir a estrutura do telhado. Na cumeeira, as telhas de taquara são colocadas abertas e amarradas nas ripas. Em alguns casos podem ser colocadas taquaras enlaçadas com cipó, no sentido longitudinal do telhado, acima das telhas, para melhorar a fixação das mesmas.

7 FECHAMENTO DAS PAREDES – IKORÁ
O fechamento das paredes, observado na Tekoa Koenju, pode ser executado com taquara, troncos ou tábuas de pindó cravados no chão. Antes de iniciar o fechamento, externamente, são afixados travessões horizontais, pregados ou amarrados com cipó, na altura média dos pilares, para apoiar as tábuas. Nas paredes pode ser utilizada taquara verde, cortada ao meio e no comprimento necessário para fechar a parede. É feito um vinco na terra, para fincar a base da taquara. Ao serem colocadas no lugar, são enlaçadas com um cipó contínuo (emendado), com a parte de dentro da taquara voltada para o exterior. Depois, o vinco do solo é preenchido com terra, que é firmada com o pé. Caso decidam revestir as paredes com barro, taquaras cortadas ao meio são fixadas com cipó, externamente à parede, no sentido horizontal. A parte interior da taquara deve ficar voltada para fora.

8 COLOCAÇÃO DO REVESTIMENTO DE BARRO – INHARU KANGUÁ
Nenhuma das construções observadas foi revestida com barro durante o levantamento de campo. Contudo, foram observadas casas com este revestimento e levantadas informações junto aos entrevistados. Observou-se que este acabamento só é imprescindível na Opy e as demais edificações podem ficar sem barro. Segundo o Mbyá-Guarani 7, é colocada apenas uma camada de barro nas paredes. O Mbyá-Guarani 21 complementou a informação, dizendo que o acabamento com barro é feito por fora e por dentro. Em alguns casos, primeiro executam o revestimento por fora e depois fazem por dentro. Esta é uma etapa que deve ser executada com tempo seco. A técnica construtiva utilizada, conhecida como taipa de mão, é realizada sobre a estrutura de pau-a-pique, com o objetivo de preencher as frestas entre as varas de madeira que compõe o tramado. Os Mbyá denominam a parede revestida de barro de yvy ó. O Mbyá-Guarani 14, um jovem Mbyá, explicou que, para preparar o barro, separa-se a terra boa, sem pedras, com uma enxada. Adiciona-se água e então a mistura é bem pisada, até obter uma consistência homogênea para passar na parede. No transporte do barro até o local da construção, geralmente são utilizados carrinho de mão ou baldes. A mistura é, então, colocada na parede com a mão e depois alisada cuidadosamente. Se cair o barro, coloca-se novamente. O barro é alisado manualmente, deixando impressa em linhas horizontais a direção dos dedos daquele que o executou. No acabamento final da parede externa ficam visíveis as linhas horizontais das taquaras que fazem parte do tramado de pau-a-pique. Ao finalizar a construção, é sulcado um dreno no chão, evitando que a água da cobertura corra em direção ao interior da casa. Segundo o Cacique Cirilo (SEVERGININI & WANDAME, 2005) o contato com o barro durante a construção garante que a pessoa não esqueça mais como se constrói. Cacique Cirilo (SEVERGININI & WANDAME, 2005) explica que o piso da casa é de chão batido, criando um degrau do exterior para o interior, para proteger da umidade.


As informações deste capítulo foram obtidas junto às comunidades que fazem parte deste estudo, no intuito de registrar o papel da casa tradicional autóctone Mbyá-Guarani, para as pessoas que nelas vivem. Ressalta-se que as técnicas utilizadas fazem parte da tradição construtiva e, provavelmente, foram desenvolvidas e adaptadas ao longo de gerações a fim de atingir o desempenho que hoje apresentam. Sendo assim, é fundamental reconhecer que estas soluções são moldadas pela cultura e, desta forma, atendem às reais necessidades de seus usuários. Coloca-se, ainda, que o fortalecimento deste saber construtivo, traz consigo a valorização cultural e o reconhecimento dos maiores conhecedores das técnicas, materiais e significados destas habitações – os Mbyá-Guarani.

Fonte: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/10697

- Veja também:
Diferentes usos dos bambus
Coberturas Naturais

9 de fevereiro de 2010

Comunidades em Clima subtropical

Por Adrian Rupp

O objetivo deste post é reunir informações e sugestões sobre comunidades localizadas no clima subtropical, para favorecer a adaptação destes coletivos a este aspecto ambiental.

As definições mudam de acordo com o autor mas de modo geral o clima subtropical é caracterizado por ter a temperatura média do mês mais frio entre -3C e 18C e um contraste entre a estação quente e a fria. As chuvas são distribuidas ao longo do ano.



Regiões onde ocorre o clima subtropical:



- Abrigos
Existem muitas formas de adaptar as construções a um clima. Estas formas váriam de um local para outro conforme a cultura e disponibilidade de materias primas. Além do fator "clima subtropical", outras características locais precisam ser consideradas como riscos de deslizamentos, imundações, terremotos, etc.
Algumas adaptações ao clima subtropical:

* Dois pavimentos, de modo a permitir o deslocamento das atividades ou sono, na estação quente para o pavimento inferior, na estação fria para o pavimento superior.
* Aberturas próximas ao chão para captação de ar frio e aberturas próximas ao teto para saída de ar quente. Ambas posicionadas de modo a favorecer a circulação do ar no interior da moradia. Uma vez que a temperatura da estação quente é bem contrastante em relação a estação fria, as adaptações à temperatura tendem a possuir modos de serem desativadas conforme a época do ano.
* Tetos com maior inclinação para favorecer o escoamento da água.
* Beirais para proteger as paredes da ação do Sol e das chuvas.
* Paredes delgadas que não conservem umidade.
* Piso elevado para evitar a umidade do solo.
* Uso de materias que permitem isolamento térmico.
* Canos que trazem ar quente a partir de regiões mais baixas. Lembrando que o ar quente sobe, um cano num plano inclinado pode trazer ar quente para a moradia.
* Lareiras ou fogueiras no interior das construções como fonte de calor.
* Telas nas janelas para evitar a entrada de insetos.
* Áreas cobertas para atividades coletivas.
* Espaço entre as construções para a circulação do ar.
* Pode-se utilizar técnicas com terra crua (adobe, superadobe, etc) desde que tomadas medidas adequadas para proteger as paredes da umidade.


- Agricultura:
Algumas culturas encontradas:

Lavoura Permanente:
Abacate, Banana, Caqui, Figo, Goiaba, Laranja, Limão, Maçã, Mamão, Maracujá, Noz, Palmito, Pera, Pêssego, Tangerina, Uva

Lavoura Temporária
Amendoim, Arroz, Batata-doce, Cana-de-açúcar, Cebola, Feijão, Fumo, Mandioca, Melancia, Melão, Milho, Tomate


- Roupas e Têxtil:

As roupas na estação quente são praticamente desnecessárias enquanto que na estação fria podem ser bem reforçadas.
Também são válidas peças e acessórios para proteção contra chuva como parcas, jaqueta impermeáveis, capas de chuva, chapéus, guarda-chuvas.
Fibras (dependendo das condições locais): Linho, sisal, cânhamo (dependendo da legislação local), malva, paina, Phormium (Linho-da-nova-zelândia), ráfia


- Algumas ecovilas e comunidades intencionais no clima subtropical:
Nome - Cidade - País
Site

Instituto Arca Verde - São Francisco de Paula - Brasil
http://arcaverde.org/site/

Ecovila Karaguatá - Santa Cruz do Sul - Brasil
http://ecovilakaraguata.blogspot.com/

Nossa Ecovila - Três Cachoeiras - Brasil
www.nossaecovila.com.br

Eco-Vila Lua Cheia - Itapecerica da Serra - Brasil
http://www.xamanismo.com.br/Lua/WebHome

Comunidade Ecológica Amigos do Espírito Humano - São Roque - Brasil
www.amigosdoespiritohumano.com.br

Instituto Visão Futuro - Porangaba - Brasil
www.visaofuturo.org.br

Comunidad del Sur - Montevideo - Uruguai
www.ecocomunidad.org.uy (Español)

Eco Yoga Park - Buenos Aires - Argentina
www.ecoyogapark.blogspot.com (Español)

Comunidad Chobita - Cañuelas - Argentina
http://www.chobita.org/galeria/main.php?g2_itemId=90 (Español)

Asociación GAIA - Ecovilla Navarro - Navarro - Argentina
www.gaia.org.ar (Español)

The Farm - Summertown - USA
ww.thefarm.org (english)

Kashi Ashram - Sebastian - USA
www.kashi.org (english)

Miccosukee Land Co-op - Tallahassee - USA
http://directory.ic.org/768/Miccosukee_Land_Co_op (english)


- Postagens úteis para este clima:

Cedrella fissilis (Cedro)
A Araucária
Receitas com amendoim
A Cebola
Videos Fibra de Bananeira
Diferentes usos dos bambus
Videos Construção com Bambu
PRODUÇÃO DO ETANOL: Cana de Açúcar
Vídeos Super adobe
O potencial dos sacos de areia

4 de fevereiro de 2010

Fogão Solar de Funil

Como Construir um Fogão Solar de Funil

Por Steven E. Jones, Professor de Física da Brigham Young University (BYU), com Colter Paulson, Jason Chesley, Jacob Fugal, Derek Hullinger, Jamie Winterton, Jeannette Lawler e Seth, David e Danelle Jones.


O que você precisa para o Fogão Solar de Funil:

1. Um pedaço plano de papelão, com cerca de dois pés de largura por 4 pés de comprimento, aproximadamente 61 cm x 122 cm. O comprimento deve ser exatamente o dobro da largura. Quanto maior, melhor.

2. Folha de alumínio comum.

3. Cola, como cola branca e água para misturar com ela meio-a-meio. Também uma brocha para aplicá-la sobre o papelão (ou uma roupa ou papel toalha). Ou alguns podem querer usar uma cola em spray bem barata disponível em latas. Você também poderá usar cola de trigo.

4. Três voltas de fio - ou pequenos parafusos e porcas, ou uma corda para prender o funil.

5. Para vasilha de cozimento eu uso um frasco. Frascos de um litro e boca larga trabalham muito bem na minha opinião; o anel de borracha na tampa é muito menos provável de derreter do que outros frascos que eu tenho encontrado. Frascos de dois litros estão disponíveis e trabalham melhor para maior quantidade de comida, mas o cozimento é algo mais lento.

6. O frasco ou vasilha de cozimento pintado com tinta preta spray pelo lado de fora. Eu descobri que uma tinta spray fosca preta funciona bem. Raspe uma listra na pintura de tal forma que você tenha uma "janela" para olhar dentro da vasilha, para verificar o alimento ou a fervura da água.

7. Um bloco de madeira é usado como isolante debaixo do frasco. Eu uso um pedaço de 2" x 4" (5cm x 10cm) de lateral que é cortado na forma de um quadrado de 4" x 4" (10cm x 10cm) por 2" (5cm) de espessura. Um pedaço quadrado de madeira faz um grande isolante.

8. Um saco plástico é usado ao redor do frasco de cozimento e um bloco de madeira, fazendo um efeito estufa. Sugestões:
* Saco para forno ReynoldsTM, tamanho médio, funciona muito bem: é transparente e não derrete (custa cerca de 25 centavos de dólar cada um nas mercearias norte-americanas).
* Qualquer saco quase transparente de HDPE (Polietileno de Alta Densidade, PEAD). Procure por "HDPE" (ou "PEAD") estampado no saco. Eu tenho testado os sacos desses que eu peguei gratuitamente em uma mercearia, usado para colocar vegetais e frutas. Esses sacos são finos e muito baratos. Testado lado-a-lado com um saco para forno em dois funis solares, o saco de HDPE funcionou tão bem quanto o primeiro. (Cuidado: nós encontramos alguns sacos de HDPE que derretem se eles entrarem em contato com a vasilha de cozimento. Por essa razão, nos recomendamos usar os seguros sacos plásticos para forno sempre que possível.)
* Um idéia atribuída a Roger Bernard e aplicada agora no Fogão de Funil da BYU: coloque um pote (tendo fundo e lados escurecidos) em uma tigela de vidro e cubra-o com uma tampa. Tente um ajuste perfeito ao redor do fundo para manter o ar quente preso dentro. Um pote ou tigela de metal deve ser suspensa apenas pelo aro, com um espaço de ar ao redor de todo o fundo (onde a luz solar bate). Ponha uma tampa preta no topo do pote. Então, simplesmente ponha o pote e a tigela no funil - não é necessário usar saco plástico! Este método inteligente também permite que o cozinheiro simplesmente remova a tampa para verificar a comida e mexer. Eu gostei dessa idéia - ela melhora o fogão solar muito: é como cozinhar sobre o fogo. Veja as fotografias para maiores detalhes.


Etapas para construção


Corte retirando um semi-círculo do papelão.

Corte retirando um semi-círculo do papelão, na linha que formará o fundo, como mostrado na foto acima. Quando o funil for formado, ele formará um círculo completo e terá largura bastante para circular por uma vasilha de cozimento. Então para uma vasilha de 7" (aproximadamente 18 cm) de diâmetro, o raio
do semi-círculo deverá ser de 7". Para um frasco de um litro como o que eu uso, eu retirei um semi-círculo de 5" (12,7 cm).

Faça o funil

Para formar o funil, você irá levar o lado A em direção ao lado B, conforme mostrado na figura. A folha de alumínio deverá ser posta DENTRO do funil. Faça isso lentamente, ajudando o papelão a assumir a formar de funil usando uma mão para criar raios que partam do semi-círculo. Trabalhe de sua maneira no funil, dobrando-o na forma de funil, até que os dois lados se sobreponham e formem um círculo completo. A folha de alumínio irá DENTRO do funil. Abra o funil, coloque-o em uma superfície plana, preparando-o para o próximo passo.

Cole a folha no papelão

Aplique cola ou adesivo na superfície do papelão que será a parte interna do fogão e então aplique rapidamente a folha de alumínio sobre a cola, para
afixar a folha no papelão. Certifique-se que a face mais brilhante da folha ficará voltada para cima, uma vez que ela formará a superfície refletora do funil. Eu gosto de pôr cola suficiente para cobrir a área de uma folha de tal forma que a cola ainda esteja úmida quando a folha for aplicada. Eu também sobreponho tiras de folha com cerca de 1" (ou 2,5 cm). Tente alisar a folha de alumínio o máximo que você razoavelmente possa, mas pequenas
rugas não farão muita diferença. Se não tiver papelão disponível, você pode fazer um buraco, forrá-lo com um refletor e fazer um fogão solar fixo para ser usado ao meio-dia.

Junte a lado A ao lado B para manter o funil fechado.

O jeito mais fácil para fazer isto é perfurar três buracos no papelão que alinhem o lado A e o lado B (veja figura). Então ponha um pedaço de metal em cada
buraco e prenda-o separando os dentes do metal. Ou você pode usar porcas e parafusos para prender os dois lados (A e B) juntos. Seja criativo aqui com o que você tiver disponível. Por exemplo, fazendo dois buracos com cerca de um polegar de distância, usando um barbante, pequena
corda, fio, cordão, entrando em um buraco, saindo em outro e depois amarrado juntos.



Quando A e B estiverem conectados juntos, você irá ter "um funil com duas asas". As asas podem ser cortadas fora, mas isso pode ajudar a aparar mais
luz solar, então deixe-as. Prenda ou cole um pedaço de folha de alumínio através do buraco no topo do funil, com o lado brilhante voltado para dentro.
Isto completa a montagem de nosso fogão solar de funil. Para estabilidade, coloque o funil dentdo de uma caixa de papelão ou outro material. Para utilizá-lo por longos períodos, você pode cavar um buraco no chão para proteger o funil de ventos fortes.


Etapas finais

No final desse estágio, você estará pronto para colocar alimentos ou água na vasilha ou frasco de cozimento e pôr a tampa em segurança. Veja as instruções do tempo de cozimento a seguir.
Coloque um bloco de madeira DENTRO do saco de cozimento, no fundo. Eu uso um pedaço de lateral de 2" x 4" (5cm x 10cm) que é cortado de um quadrado de 4" x 4" (10cm x 10cm) por cerca de 2" (5cm) de espessura. Então a vasilha de cozimento contendo água ou comida é colocada em cima do bloco de madeira, dentro saco. Depois, junte a parte de cima do saco em seus dedos e sopre ar dentro do saco para inflá-lo. Isso fará um pequeno "efeito-estufa" ao redor da vasilha de cozimento, para prender maior parte do calor dentro do saco. Feche o saco com um fio ou arame enrolado apertado. Importante: o saco não deve tocar os lados ou tampa da vasilha de cozimento. O saco poderá ser chamado de "escudo anti-convecção", retardando o resfriamento por convecção devido às correntes de ar. Coloque o saco inteiro dentro do funil próximo ao fundo conforme mostrado nas fotografias. Coloque o Fogão Solar de Funil de tal forma que sua face fique voltada para o sol. Lembre-se: a luz do sol pode machucar seus olhos. Use óculos escuros quando for usar o Fogão Solar de Funil! O Fogão Solar de Funil é projetado para que a região quente fique no fundo do funil, de maneira a não causar danos.

Ponha o Fogão Solar de Funil apontando em direção ao sol, de tal forma que ele capture a maior quantidade de luz solar possível. O projeto do funil permite que ele colete energia solar por cerca de uma hora sem precisar ser reposicionado. Para cozimento mais longos, reajuste a posição do funil seguindo a trajetória do sol. Ajuda colocar o Fogão Solar de Funil em frente a uma parede ou janela voltada para o sul (no Hemisfério Norte) para refletir luz adicional no funil. Uma parede é bem mais importante em localidades afastadas do equador e no inverno. No Hemisfério Sul, ponha o Fogão Solar em uma parede ou janela voltada para o Norte para refletir luz adicional no fogão.


Cozinhando com o Fogão Solar de Funil

O que você cozinha em um pote de barro ou em um forno de temperatura moderada? O mesmo que você cozinhará no Fogão Solar de Funil, sem fogo. Os quadros abaixo dão os tempo de cozimento aproximados no verão.

O fogão solar funciona melhor quando para o índice de raios UV é 7 ou maior (sol alto, poucas nuvens).

Os tempos de cozimento são aproximados, crescendo nos dias parcialmente nublados, quando o sol não estiver alto (por exemplo, no inverno) ou quando houver mais do que cerca de 3 xícaras de comida no frasco.

Mexer não é necessário para a maioria dos alimentos. A comida geralmente não irá queimar no fogão solar.

VEGETAIS: batatas, cenouras, abóbora, beterrabas, aspargos, etc.
Preparação: Não precisa adicionar água se estiver fresca. Corte em pedaços ou "toras" para assegurar um cozimento uniforme. Milho cozinhará bem com ou sem sabugo.
Tempo de cozimento: Cerca de 1,5 horas.

CEREAIS e GRÃOS: arroz, trigo, cevada, aveia, painço, etc.
Preparação: Misture 2 partes de água para cada parte de grão. A quantidade pode varia de acordo com o gosto individual. Deixe de molho por poucas horas para cozinhar mais rápido. Para garantir cozimento uniforme, agite o frasco após 50 minutos. CUIDADO: O frasco estará quente. Use luvas ou outra proteção.
Tempo de cozimento: 1,5 a 2 horas.

PASTA e SOPAS DESIDRATADAS
Preparação: Primeiro aqueça a água até próximo a sua fervura (50 a 70 minutos). Então adicione a pasta ou a mistura para sopa. Mexa ou agite e cozinhe por mais 15 minutos.
Tempo de cozimento: 65 a 85 minutos.

FEIJÕES
Preparação: Deixe feijões duros ou secos de molho por uma noite. Coloque no frasco de cozimento com água.
Tempo de cozimento: 2 a 3 horas.

OVOS
Preparação: Não precisa adicionar água.Observação: se o cozimento for muito longo, ovos brancos podem escurecer, mas o gosto permanece o mesmo.
Tempo de cozimento: 1 a 1,5 horas, dependendo da firmeza deseja para a gema.

CARNES: frango, carne bovina e peixe.
Preparação: Não precisa adicionar água. Cozimento mais longo faz a carne ficar mais tenra.
Tempo de cozimento: Frango: 1,5 horas (em pedaço) ou 2,5 horas (inteiro); carne bovina: 1,5 horas (em pedaço) ou 2,5 a 3 horas para pedaços maiores; peixe: 1 a 1,5 horas

MASSAS
Preparação: O tempo varia dependendo da quantidade de massa.
Tempo de cozimento: Pães: 1 a 1,5 horas; biscoitos: 1 a 1,5 horas; bolachas: 1 hora

NOZES TORRADAS: amendoins, amêndoas, sementes de abóboras, etc.
Preparação: Coloque no frasco. Um pouco de óleo vegetal pode ser adicionado se desejado.
Tempo de cozimento: Cerca de 1,5 horas

COMIDA PRÉ-PREPARADA
Preparação: Para comida em recipientes escuros, simplesmente coloque o recipiente no saco de cozimento no lugar do frasco preto de cozimento.
Tempo de cozimento: O tempo de cozimento depende da quantidade de comida e da cor do pacote.


Fonte:
http://solarcooking.org/portugues/funnel-pt.htm

Em outras línguas:
The Solar Funnel Cooker
http://solarcooking.org/plans/funnel.htm

Le four solaire à entonnoir
http://solarcooking.org/francais/funnel-fr.htm

La Cocina Solar "Embudo"
http://solarcooking.org/espanol/funnel-span.htm



- Veja também:
Armazenagem de Sementes
Farinha de cascas de ovos
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