Nome Científico: Allium cepa
Em outras línguas:
Espanhol : cebolla - Italiano : cipolla - Mirandês: cebolha - Cabo-verdiano : sabóla
Inglês : onion - Francês : oignon - Alemão : Zwiebel - Basco : tipula
Africâner : ui - Holandês : ui - Croata : luk - Suaíli : kitunguu
Finlandês : sipuli - Checo/Tcheco : cibule - Estoniano : sibul
Classificação científica:
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Asparagales
Família: Alliaceae
Género: Allium
Espécie: A. cepa
Valor nutricional:
Cada 100 gramas de Cebola contém:
Calorias - 33kcal
Proteínas - 1,5g
Gorduras - 0,3g
Vitamina A - 125 U.l.
Vitamina B1 (Tiamina) - 60 mcg
Vitamina B2 (Riboflavina) - 45 mcg
Vitamina B5 (Niacina) - 0,15 mg
Vitamina C (Ácido ascórbico) - 10 mg
Potássio - 180 mg
Fósforo - 45 mg
Cálcio - 35 mg
Sódio - 16 mg
Silício - 8 mg
Magnésio - 4 mg
Ferro - 0,5 mg
Descrição da planta:
Planta herbácea, cuja base aérea pode atingir até 60 cm de altura. Suas folhas são tubulares e ocas, e as flores pequenas e brancas. A parte comestível se constitui no caule subterrâneo, formado pelas bainhas carnosas das folhas, que se sobrepõem umas às outras e são
recobertas, exteriormente, por escamas secas de coloração que varia entre o branco, amarelo e toxo, dependendo da variedade. É um bulbo bi-anual, ou seja: no primeiro ano acumula reservas, e no segundo dá flores e frutos.
- Uso Alimentar:
Aroma e sabor:
De aroma forte, seu sabor é picante e adocicado.
As cebolas brancas têm um sabor menos acentuado e picante que as
roxas.
Como Consumir:
Pode ser servida crua, cozida ou refogada.
A cebola deve ser empregada em quantidades moderadas, quando o prato
não exige o seu sabor, pois este não deve superar o dos demais
temperos, nem tão pouco o do ingrediente básico.
Para evitar aquelas lágrimas desagradáveis ao descascar cebola,
mergulhe-a por um minuto em água fervente.
Seus valores nutritivos se perdem, principalmente a vitamina C,
quando se frita ou se cozinha demais. Levemente cozida ou assada para
aqueles que não toleram seu sabor forte, ocasiona uma perda menor.
As folhas da cebola são um bom alimento para as ovelhas, elas são
ricas em vitaminas A, B e C, sais minerais como cálcio, fósforo e
ferro.
- Uso Medicinal:
Indicação: diurética, anti-reumática, estimulante geral, anti-
séptica, digestiva, anti-trombose, hipoglicemiente, vermífuga,
hipnótica suave, anti-inflamatória, expectorante e hipo-
colesterolêmica.
Externamente é usada para tratar acne (espinha). O cataplasma é
aplicado para retirar o veneno das aranhas, vespas, abelhas, etc. O
sumo é usado para massagear articulações ou reumatismo. A cebola
espetada na brasa ou fogão, colocada sobre abcesso ou tumor, ajudará
a formar o olhinho para depois drenar o pus. Fatias de cebola são
aplicadas no peito para tratar congestão.
Internamente a cebola é útil nos casos de icterícia e problemas de
vesícula, pois, estimula a produção da bílis (fel).
Por ser estimulante e expectorante, é útil nas doenças respiratórias
como tosse, tuberculose, gripes, bronquites, etc, usada na forma de
lambedor ou cozimento.
Na Índia, o sumo fresco é usado nos casos de flatulência, disenteria
e cólera. Pesquisas em laboratório mostrou o efeito bactericida (mata
bactérias) sobre Escherichia colli e Salmonella typhi.
Diabetes: O uso da cebola no dia a dia é recomendada para quem sofre
de diabete, porque possui efeito hipoglicemiante (baixa o açúcar no
sangue), e ajuda também aqueles que necessitam tomar diariamente
insulina, pois o corpo aumenta a produção da mesma, com isso diminui
a quantidade a ser injetada.
É um bom diurético. Serve nos casos de edema provocado por doença
renal. Tomar 3 colheres de chá do sumo por dia.
A cebola impede que o colesterol presente nos alimentos seja
absorvido pelo organismo, daí sua importância nos casos de
hipercolesterolemia (aumento do colesterol no sangue), nas doenças
coronárias e nos casos de pessoas com predisposição à
arteriosclerose. Para prevenir infarto e arteriosclerose, coma uma
cebola crua por dia em forma de salada.
Como tem a capacidade de dissolver coágulos de sangue é um bom
preventivo de trombose coronária.
Para as crianças com vermes, pode-se dar uma colher (de café) de sumo
de cebola, com açúcar, por 15 dias em jejum.
Cabelo: Casca seca de cebola é a melhor fonte natural de quercetina
(glicosídeo que serve para diminuir a fragilidade dos capilares).
O chá da casca seca é usado para prevenir derrame cerebral nos
hipertensos. A casca da cebola serve também para preparar tintas de
cabelo e vitamina P.
Homens que habitualmente consomem cebola têm menor risco de
desenvolver câncer de próstata, segundo informação do National Cancer
Institute, dos Estados Unidos. Os efeitos benéficos se devem ao
composto à base de sulfeto - que causa forte odor - presente nos dois
alimentos.
O consumo freqüente de cebola pode reduzir o risco de osteoporose,
doença que atinge um terço das mulheres após a menopausa. Segundo um
novo estudo da Universidade de Berna, na Suíça, um grama de cebola
por dia pode evitar um processo chamado reabsorção, no qual o osso
perde cálcio e torna-se frágil.
- Como Cultivar:
Solo:
Da escolha de um terreno apropriado depende, em grande parte, o êxito
de uma cultura.
Para a cultura de cebola ser viável, é preciso que o solo escolhido
seja bastante profundo, um tanto solto, suficientemente fértil e rico
em matéria orgânica.
Um terreno francamente arenoso seria impróprio, porque resiste pouco
às secas e conserva pouco os adubos aplicados.
Os solos argilosos também devem ser evitados: são duros, difíceis de
serem trabalhados, e sua superfície endurece e racha depois das
chuvas e das irrigações, se não forem escarificados a tempo. Em suma,
as plantas não podem enraizar-se com desembaraço, e o resultado é a
formação de bulbos pequenos, deformados, aumentando o número dos
charutos.
Técnicos americanos há que condenem os solos ácidos para a cultura da
cebola. Todavia, ela prospera bem, entre nós, em solos relativamente
ácidos, e, no Rio Grande do Sul, toda a cultura é feita em solos com
pH entre 5,5 e 6,0. Não sendo exageradamente ácido, o solo pode ser
utilizado para o plantio da cebola.
Preparo do Solo
Escolhido o terreno, passa-se a cuidar do seu preparo para receber a
cultura.
Logo que seja possível, após as chuvas de verão, já se começa a
trabalhar o terreno. Tal preparo consiste em arar e gradear a terra.
Trinta dias depois, nova aração e gradeação, convindo, dessa ver,
aprofundar um pouco mais a lavra, pois, ao contrário do que se pensa,
a cebola explora o terreno não só superficialmente, como, também, em
profundidade. A maioria das raízes se localiza de 40 a 50 cm de
profundidade, regular porção delas de 70 a 80 cm e, algumas, de 90 a
100 cm.
Convém notar que as raízes não descem, de inicio, perpendicularmente,
mas caminham cerca de 10 cm, paralelamente à superfície, e a 5cm de
profundidade, para depois baixarem às camadas mais profundas. Por
essa razão é que as capinas devem ser superficiais e cuidadosas, a
fim de evitar que as raízes sejam cortadas.
Como as raízes de cebola exploram o terreno em sua profundidade,
seria de esperar que, quanto mais profundas fossem as lavras e as
adubações, maior seria a produção. A experimentação, todavia, provou
não ser verdadeiro tal raciocínio. Experiências levadas a efeito no
IAC-SP, mostraram que, em terras profundas, não há vantagem em
aprofundar as lavras, porquanto a produção não se altera. Em terras
rasas, as lavras, além de certo limite, tornam-se prejudiciais, por
misturar o solo com o subsolo. Assim, não são aconselháveis arações
profundas, bastando uma lavra de 15 cm, mais ou menos.
A época de preparo do terreno tem grande influência, sobre a cultura.
Não é demais insistir em recomendar que a primeira aração seja feita
no término da estação das águas, isto é, em fins de fevereiro. Dessa
forma, a retenção das águas já contidas no solo será maior, devido ao
revolvimento da parte superior; haverá, ainda, pelo fato de a terra
estar bem solta, um maior aproveitamento por infiltração, das chuvas
que caírem daí em diante. Ademais, como a primeira aração é a mais
penosa, nessa ocasião, devido à umidade do solo, o trabalho será
facilitado.
Entre a última aração e o transplante das mudas, deve haver, no
mínimo, um intervalo de 15 dias.
Se a transplantação se der logo depois de uma lavra mais ou menos
profunda, pode-se esperar grande número de falhas, pelo fato de as
mudas caírem em camada de terra com baixo teor de umidade, devido à
evaporação provocada com o revolvimento da terra. Mesmo depois de
vingarem, as mudas não poderão dar bons bulbos, por causa do meio
impróprio que lhes foi proporcionado nos primeiros dias de vida no
campo, e tornam-se raquíticas.
Se a cultura não vai ser irrigada, é o bastante esse preparo. Quando
muito, pode-se utilizar um pranchão para aplainar mais ou menos o
terreno. Se vai ser irrigada por infiltração, e as linhas de
plantação forem longas, o trabalho de aplainamento deve ser perfeito,
para evitar o empoçamento de água.
Adubação
A adubação pode ser levada a efeito por dois diferentes métodos:
- nos sulcos de plantação;
- em sulcos laterais distanciados de 15 cm dos sulcos de plantação.
No primeiro, os adubos são aplicados nos próprios sulcos, por ocasião
do transplante das mudas, e, a seguir, bem misturados com a terra.
No segundo, só praticável quando a plantação é inteiramente feita a
arado, colocam-se os adubos nos sulcos que não levam mudas. Dos dois,
o mais recomendável é aquele em que os adubos são aplicados, nos
sulcos de plantação, uma vez que sejam bem misturados com a terra.
Calculo da adubação e calagem para a cultura da cebola
A adubação e calagem da cebola, assim como de todas as culturas, deve
ser feita com base na análise do solo.
- Calagem: Aplicar calcário, de preferência dolomítico, até alcançar
valor de V=70 %.
Cobertura: Aplicar, em duas vezes, 30 a 50 kg/ha de nitrogênio aos 30
e 45 dias após o transplante.
Adubação orgânica:
Incorporar restos de cultura; aplicar palhas, cascas, estercos,
tortas; 20 t/ha de esterco de curral bem curtido ou 5 t/ha de esterco
de galinha ou 2 t/ha de torta de mamona. Os estercos e tortas devem
ser aplicados 8 a 10 dias antes do plantio.
Sementes:
Para esse fim, as cebolas são colhidas bem maduras, e, depois da
cura, rigorosamente selecionadas, isto é, são colhidos bulbos
arredondados e não perfilhados. Apenas bulbos perfeitos, firmes e com
as características da variedade, serão reservados. Aqueles de
segunda, cujo diâmetro transversal varia de 40 a 55 mm, quando bem
escolhidos, dão ótimos resultados.
O trabalho de restiar é o comum, sendo as tranças amarradas em grupos
de quatro e dependuradas em travessas de madeira roliça, distanciadas
em 1 m, até a cobertura do galpão, ficando cada série á distância de
1 m, da seguinte.
Nesses varais, elas se mantêm relativamente perfeitas até meados de
abril ou princípios de maio, época de plantio. As podres vão sendo
retiradas, através de inspeções freqüentes. Os galpões precisam ser
amplos, secos e bem ventilados.
Pode-se também dispensar o restiamento, sendo os bulbos armazenados
em estrados ou tabuleiros, em galpões bem ventilados, com duas
camadas de bulbos, no máximo, a fim de favorecer sua conservação.
A gleba de terra escolhida para plantio dos bulbos deve ser bem
isolada de outras culturas de cebola, porque essa planta se cruza com
facilidade. Uma distância mínima de 2 Km assegura o isolamento do
campo.
Não será exagero recomendar que o campo de produção de semente seja
distanciada do campo de produção de muda, porque neles sempre aparece
certa porcentagem de hastes florais prematuras que iriam comprometer
o valor das sementes colhidas.
As baixadas férteis e enxutas, em geral, não dão boa produção de
sementes, apresentando, ainda, a desvantagem de serem muito sujeitas
a ataque de moléstias.
Por isso, terras de meia encosta com possibilidade de irrigação por
infiltração, são as mais recomendáveis.
O preparo da terra é idêntico ao usado na obtenção de bulbos,
variando só a distância de plantação. O espaçamento a ser empregado
deverá ser o seguinte: para duas linhas distanciadas de 0,80 m,
deixar um caminho de 1,50 m, afim de facilitar os tratos culturais,
principalmente as pulverizações. O espaçamento entre as plantas será
0,10 m.
Para terra de mediana fertilidade, dependendo de sua análise, a
adubação poderá ser a seguinte, por metro de sulco:
Esterco curtido de curral 5 quilos
Superfosfato (20% P2O5) 100 gramas
Cloreto de potássio (60% K2O) 20 gramas
Nitrocálcio (20% N) 40 gramas
Tais adubos serão aplicados nos sulcos, 8 a 10 dias antes do plantio
dos bulbos, á exceção do Nitrocálcio, que será aplicado em cobertura
aos 30 e 45 dias após o plantio, metade da dose em cada aplicação.
O Nitrocálcio poderá ser substituído por sulfato de amônio (20% N) ou
por salitre do Chile (15,5% N), levando-se em conta o teor em N.
Três meses após, quando já estão desprovidas de folhas, convêm chegar
terra às plantas, a fim de aumentar-lhes a estabilidade, pois as
hastes florais chegam a alcançar mais de 1 m de altura.
O plantio dos bulbos deverá ser efetuado de fins de abril a
princípios de maio. Cerca de 6 meses depois do plantio dos bulbos, dá-
se o início das colheitas, que se prolongam por 40 ou 50 dias.
A média de produção é de quatro a cinco inflorescência por pé,
chamadas cachopa, no Rio Grande do Sul, e em S.Paulo, sendo umbela o
nome certo.
Numa cultura normal, considera-se boa uma produção de sementes
equivalente a 10% do peso dos bulbos plantados.
Efetua-se a colheita quando cerca de 40% dos bulbos estão se abrindo.
Nesse ponto, a umbela de desprende com facilidade, bastando puxá-la
com a mão. São, então, colhidas em sacos e depois espalhadas em
galpões ventilados, em camadas de 7 a 8 cm, devendo ser revolvidas
uma vez por dia.
No caso de pequenas quantidades, estando secas, são postas em sacos e
cuidadosamente batidas com pau roliço. Para facilitar um revolvimento
perfeito e evitar que se rompam, os sacos não devem levar mais de um
terço da sua capacidade.
As sementes que caírem dos frutos durante a secagem das umbelas,
serão peneiradas, assim como as que foram batidas no saco.
Para grandes quantidades de sementes, existem máquinas que efetuam o
beneficiamento completo.
Germinação-índice
É imprescindível conhecer o valor germinativo das sementes, tanto
colhidas como compradas. Para tanto, faz-se o seguinte:
- Em um recipiente ou caixa de madeira com altura máxima de 5cm,
coloca-se areia bem limpa, até a metade;
- Sobre a areia coloca-se um pedaço de mata-borrão, com cem sementes
tiradas ao acaso do saco em que estavam guardadas; convém desinfetá-
las, para evitar o desenvolvimento de bolores, que inutilizariam a
experiência;
- Encharca-se o conjunto com água limpa, mas de modo que não fique
água acumulada no fundo do recipiente;
- Cobre-se o recipiente com um pedaço de vidro, deixando-se pequena
abertura para entrada de ar, ou com um pano esticado;
- Toda manhã, efetua-se nova irrigação, tendo o cuidado de não tocar
ou movimentar as sementes.
Quatro ou cinco dias após, começa a germinação. Vai-se, então,
diariamente, retirando e contando as sementes germinadas, até o
décimo dia. Pela contagem total das germinações fica-se conhecendo a
porcentagem de germinação das sementes; considera-se boa uma
germinação acima de 70 %.
Plantio
Época de Plantação
A cebola, para produzir bem, durante seu crescimento prefere
temperaturas amenas e, por ocasião da formação dos bulbos,
temperatura mais elevada. Chuvas bem distribuídas, durante toda a
fase de desenvolvimento, e um período seco, depois que os bulbos já
estão formados.
Essa é a razão de a cultura, no início, ter-se concentrado na zona
sul do Estado, onde chove mais no inverno e menos no verão, como no
Rio Grande do Sul.
Além disso, na primavera e no verão, no Estado gaúcho, os dias são
longos e quentes, formando um conjunto de fatores favoráveis à boa
formação dos bulbos.
Pelo exposto, fácil é deduzir que a cebola só pode ser cultivada,
economicamente, em São Paulo, num período restrito, que vai de março
a meados de outubro.
As semeações de fevereiro, época chuvosa e muito quente, são
perigosas, sendo comum à perda das sementes, pelo excesso de umidade,
ou a inutilização das plantinhas, logo após o nascimento, pela
manifestação de moléstias.
As plantas originárias da semeação desse mês apresentam hastes muito
grossas, que não tombam com o amadurecimento do bulbo, dificultando,
assim, não só a colheita como, também, a operação de restiamento. Há,
ainda, duas outras desvantagens: os bulbos mostram-se recobertos por
películas muito espessas, que lhes dão um mau aspecto externo, e as
plantas ficam com acentuada tendência de emitir pendão floral,
comprometendo o aspecto interno dos bulbos.
A experimentação tem demonstrado que, tanto no Planalto Paulista como
em regiões mais altas, a produção decresce nas semeações de abril,
sendo muito reduzida em maio.
Semeando tarde, a planta se desenvolve pouco, apresentando bulbos
pequenos, além dos chamados charutos - cebolas compridas, como o alho-
porro. Quanto mais tarde a cebola for semeada, mais curto será o
ciclo. Com a semeação em princípios de março, a planta terá
desenvolvimento normal, evitando-se o perigo das chuvas de verão,
porque a colheita será nos dias da primavera.
Se a fase de máximo desenvolvimento dos bulbos coincidir com forte
calor e chuvas demoradas, o prejuízo é certo, pois a planta entrará,
desde logo, no segundo ciclo, emitindo folhas e raízes novas. Dessa
forma, as cebolas não amadurecem porque, para tanto, são
indispensáveis a morte das raízes, e o murchamento da parte aérea.
Se forçarmos a colheita, prejudicaremos a qualidade do produto, pela
falta de uma cura perfeita, com perda das características das cebolas
amadurecidas em condições normais: cor brilhante e aspecto quebradiço
das películas exteriores. Nesse caso, todavia, a fim de evitar danos
totais, é aconselhável apressar a colheita, mesmo com a queda do
valor comercial do produto, que deve ser de consumo imediato.
Como as plantas colhidas assim possuem hastes muito grossas, o
trabalho de restiamento é facilitado com o destalo: corte
longitudinal das hastes, com um canivete, e retirada da parte
central. Com um pau roliço, dá-se uma pancada na haste, colocada
sobre um tronco de madeira: as folhas centrais se destacam com
facilidade, dando bons resultados.
São recursos de emergência, empregados por muitos cultivadores,
visando evitar prejuízo maior. Colhem bulbos ainda verdes, para
chegar mais cedo ao mercado, no intuito de alcançar preços mais altos
para o produto.
Canteiro de Semeação
A escolha do local e o preparo dos canteiros de semeação são
essenciais: nesse ponto, qualquer negligência aparentemente sem
importância poderá concorrer para malogro do empreendimento, logo no
início dos trabalhos da cultura. O canteiro de semeação precisa
situar-se o mais próximo possível do local escolhido para a plantação
definitiva, e não distante de fonte de água, para facilitar as
irrigações. O lugar deve ser pouco íngreme, bem batido de sol e longe
de árvores frondosas. Evitar as terras encharcadas, ou mesmo úmidas,
para fugir à manifestação da mela, moléstia comum em canteiros mal
cuidados. No seu preparo, toda precaução é pouca, visto que ele irá
receber sementes pequenas e delicadas.
O terreno escolhido será todo revirado a enxadão e destorroado à
enxada, para, em seguida, serem construídos os canteiros, seguindo as
linhas de nível do terreno. Se a área for grande, haverá vantagem no
emprego do arado e da grade.
Quando o terreno apresentar certa declividade, é conveniente a
construção de uma valeta na parte superior da série de canteiros, no
intuito de evitar as enxurradas.
Os canteiros muito largos têm a desvantagem de obrigar o operário a
demasiado esforço para atingir-lhes o centro, sem pisá-los. O ideal é
1,20 m, com a largura útil de um metro, sobrando 10 cm de cada lado,
para os bordos.
Convém que sejam pouco mais altos do que o terreno, para evitar
enxurradas e facilitar o escoamento do excesso de umidade, não além
de 10 cm, porém, nos terrenos comuns; caso contrário, ficaria
sujeitos a ressecamento. Só é recomendável maior altura, nos terrenos
úmidos ou em época chuvosa, quando convém incliná-los, ligeiramente,
para evitar empoçamento de água da chuva.
O comprimento do canteiro pode variar muito; os muito longos,
contudo, dificultam a passagem de uma série para outra. Um bom
comprimento é 10m. A direção deve ser sempre perpendicular ao declive
do terreno.
Os canteiros serão separados por caminhos de 50 cm de largura. A
separação de duas séries de canteiros precisa ter a largura mínima de
um metro, para facilitar a passagem de pessoas e de veículos pequenos.
Preparada a terra, espalham-se, por metro quadrado de canteiro e pela
superfície, 15 quilos de esterco de curral fino e bem curtido, 150
gramas de superfosfato simples e 30 gramas de cloreto de potássio,
incorporando-os à terra por meio de uma enxada. Com um ancinho,
nivela-se perfeitamente a superfície.
Os canteiros devem ter a superfície horizontal com o objetivo de
impedir o escoamento rápido da água de chuva ou de irrigação do
canteiro, irrigando-o fortemente, a seguir.
Não semear logo depois do preparo do canteiro, a fim de dar tempo a
que a terra se assente e os adubos fiquem bem incorporados a ela.
Decorridos oito dias efetuam-se a semeação, quando se deve tratar as
sementes com um desinfetante.
Um método prático para realizar esse tratamento consiste em colocar
um pouco de desinfetante junto com as sementes em um saco de papel,
agitando fortemente e peneirando sobre um papel: o excesso de
desinfetante é guardado.
Semeação
Semear o mais uniforme possível, em pequenos sulcos transversais ao
comprimento dos canteiros, com 1 a 1,5cm de profundidade e
distanciados de 10 cm. É conveniente misturar um pouco de areia às
sementes, para auxiliar a semeadura. Sendo a areia clara e as
sementes pretas, o operário sabe, com precisão, onde elas caem. Se
for bastante prático, pode dispensar a areia.
Cada metro quadrado de canteiro levará mais de cinco gramas de
sementes, evitando-se, assim, que as mudas nasçam amontoadas e
raquíticas.
As vantagens que a semeação em linha apresenta, sobre o sistema a
lanço, também recomendável, são estas: germinação mais uniforme,
insolação mais perfeita e arejamento mais adequado, possibilitando,
ainda, as capinas e escarificações, o que seria quase impossível no
sistema a lanço. Haverá, em conseqüência, produção de mudas mais
fortes, com menor perigo de manifestação de pragas e moléstias.
Um sistema prático para a semeação consiste em colocar, sobre o
canteiro de semeação, um marcador de linhas confeccionado da seguinte
maneira: tomam-se três tábuas de 1,50m de comprimento, unidas por
sarrafos do lado de cima, no sentido transversal ao comprimento
delas. Na parte das tábuas que irá assentar sobre os canteiros, serão
colocados, distantes entre si de 10 cm, sarrafinhos de seção
trapezoidal, com estas dimensões: base maior (que será colocada junto
às tábuas) = 2 cm; base menor (que formará o sulco de semeação em
profundidade) = 0,5cm, e altura (que dará a profundidade do sulco) =
1cm. O marcador é colocado na cabeceira de um dos canteiros e calcado
com o peso de um homem. Para facilitar-lhe o manejo, pode-se colocar,
em sua parte superior, duas alças, uma de cada lado no sentido do
comprimento das tábuas.
Ficarão, portanto, demarcadas, quinze linhas para semeação, distantes
entre si de 10 cm. A seguir, o marcador é mudado para frente, e
outras linhas ficarão demarcadas. Assim, a operação de marcação das
linhas torna-se simples, perfeita e rápida.
As sementes são, então, cobertas, com terra do próprio canteiro, e a
superfície deste, com uma leve camada de capim seco sem sementes ou
palha de arroz.
Irrigar, de manhã e à tarde, até alguns dias após a germinação, e,
daí em diante, só à tarde.
Retirar a cobertura, de uma só vez, a qualquer hora, se o dia estiver
nublado, ou à tarde, se houver sol, logo que a germinação tenha
início, o que se dará entre 5 e 7 dias após a semeação.
Não abusar das irrigações nas vésperas da transplantação, convindo
mesmo suspendê-la dias antes, para que as plantinhas se acostumem à
vida que terão no campo. Entretanto, deve-se irrigar copiosamente,
pouco antes do arrancamento das mudas, visando facilitá-lo.
Se, por quaisquer circunstâncias, as mudas não apresentarem um
aspecto muito satisfatório, haverá vantagem no emprego de uma solução
nutritiva, que poderá ser obtida com a dissolução de um grama de
Salitre do Chile e um grama de Superfosfato, por litro de água.
Irrigam-se os canteiros com cinco litros por metro quadrado dessa
solução, e, em seguida, com água, a fim de lavar bem as folhas.
Um grama de sementes de cebola possui cerca de trezentas sementes.
Para plantar um hectare, são necessários 900g de sementes, com 80% de
germinação. Não será demais, no entanto, o emprego de um quilo de
sementes por hectare, a fim de possibilitar boa seleção das mudas,
por ocasião do transplante.
Em condições normais, elas estarão prontas para serem transplantadas
de 40 até 80 dias depois da semeação. Antes dos 40 dias, terão hastes
muito finas, não suportando a transplantação. Depois dos 80, já um
tanto engrossado, em início de formação de bulbos, sofrerá maior
choque com o transplante, o que acarretará queda de produção por área.
As mudas de 40 dias somente poderão ser empregadas nas pequenas
culturas, onde os cuidados dispensados às plantas podem ser maiores,
pois com essa idade, as hastes são muito finas, não passando em
geral, de 3mm, sendo, também, reduzido o número de raízes, que não
vão além de dez.
Dos 50 aos 80 dias, as mudas poderão ser utilizadas nas culturas
extensivas, pelo fato de serem mais fortes e mais desenvolvidas,
facilitando o manuseio.
A idade das mudas, dentro dos limites citados, não tem grande
influência na produção. À medida que vão sendo plantadas com mais
idades, as colheitas vão se tornando mais tardias, o que tem grande
importância econômica - as cebolas enviadas mais cedo ao mercado
alcançam sempre preços melhores.
É fácil compreender que nem todas as mudas da mesma idade apresentam
hastes com diâmetro igual. São consideradas mudas de primeira as de
hastes com diâmetro superior a 5mm; de segunda, entre 4 e 5mm; e, de
terceira, entre 3 e 4mm. São tidas como refugo aquelas cujas hastes
apresenta menor diâmetro.
Por ocasião do plantio, não se devem cortar as pontas das folhas e
nem as raízes, deixando-as, como é costume, com 3 a 5 cm, apenas.
Tal operação, além do consumo de mão-de-obra, prejudica a produção.
As mudas arrancadas dos canteiros não oferecem dificuldades de
plantio, mesmo com raízes não cortadas.
Transplantação
A passagem das mudas de cebola, dos canteiros de semeação para o
lugar definitivo, constitui ponto de suma importância na sua cultura.
O lavrador não deve ter pressa na transplantação das mudas, porém
esperar, calmamente, uma boa chuva, já que a operação deve ser
efetuada com terra úmida, no intuito de evitar falhas. Como se disse,
a experimentação tem demonstrado que a produção de bulbos mantém-se
praticamente a mesma, quando são empregadas mudas de 50 até 80 dias
de idade. De modo geral, entre cinqüenta e sessenta dias, elas
atingem o melhor tamanho para transplante.
Os canteiros de semeadura devem ser copiosamente irrigados por
ocasião do arrancamento das mudas, o que muito facilitará o trabalho.
São três os métodos na transplantação das mudas:
- sulcos abertos e cobertos à enxada;
- sulcos abertos com sulcador e cobertos à enxada;
- sulcos abertos e cobertos com sulcador.
Em qualquer dos casos, os sulcos não devem ter mais de 6 cm de
profundidade, para que as mudas não fiquem muito enterradas.
No primeiro método, um operário vai abrindo o sulco, enquanto outro
vai colocando as mudas, em distância e posição certas, o que se
consegue com algumas horas de prática. Ao mesmo tempo em que um
operário abre um sulco, outro vai atirando terra no sulco aberto ao
lado, já com as mudas.
No sistema misto, um operário abre os sulcos com o sulcador, outros
distribuem as mudas nos sulcos abertos, as quais são enterradas por
outra turma, à enxada. Convém, que o sulcador não se distancie muito
dos plantadores, para a terra não secar. É esse o método mais usado
entre nós. Em geral, 8 homens plantam um alqueire de linhas durante o
dia, necessitando, cada homem, de dois distribuidores de mudas.
No último sistema, tanto o trabalho de abertura dos sulcos como o de
cobertura das mudas colocadas no seu interior, são feitos com o
emprego de sulcador. Para tanto, o sulcador abre um sulco onde são
dispostas as mudas; na volta, o sulcador atira terra nos sulcos, já
com as mudas. O novo sulco aberto não é usado. Efetua-se novo
sulcamento, cobrindo-se ao mesmo tempo o anterior, não utilizado;
nova distribuição de mudas no último sulco, e assim sucessivamente.
Como é fácil compreender, as mudas não ficam em posição vertical,
como se verifica ao serem plantadas à mão, e sim inclinadas, porém,
dentro de poucos dias, erguem-se.
Espaçamento
Em geral, é de 40cm a distância das linhas de plantação, quando as
capinas e escarificações são feitas à enxada. Essa distância é
elevada para 50cm quando os tratos culturais são efetuados com o uso
do Planet.
Quanto ao espaçamento dentro da linha, pode variar de 10 a 30 cm.
Experiências têm mostrado que a produção para uma mesma área aumenta
com a diminuição de espaçamento. Por outro lado, o tamanho do bulbo
também é atingido, de forma marcante, pela distância de plantação:
menor distância, bulbo menor.
Além de as plantações demasiadamente apertadas darem origem a bulbos
reduzidos, de baixo valor comercial, ainda apresentam a desvantagem
de dificultar a capina entre as plantas e facilitar a disseminação do
fungo causador da moléstia conhecida por queima das folhas, que se
caracteriza pelo secamento das extremidades das folhas das plantas.
Com um espaçamento médio de 15 a 20cm, a produção será satisfatória
e, os bulbos, de bom tamanho, alcançam preço compensador no mercado.
Multiplicação por bulbinhos
Em São Paulo, já é comum o aparecimento, em maio, junho e julho, de
réstias de cebola recém-colhida, embora a época normal da colheita
seja setembro-outubro. São bulbos resultantes da plantação de
bulbinhos colhidos no ano anterior.
O interesse dos lavradores por esse método de plantio de cebola vem
aumentado de ano para ano, concorrendo, conseqüentemente, para
diminuir a necessidade de o mercado paulista importar bulbos, no
período de entressafra de outras regiões.
Dentre as variedades que se prestam para a formação de bulbinhos,
destacam-se Baia Bojuda e Periforme. Entretanto, algumas linhagens
dessas variedades produzem bulbinhos que, na formação dos bulbos, dão
grande porcentagem de charutos, produtos sem valor comercial.
Para conseguir bulbos fora de época, é necessário cuidar
primeiramente da obtenção de bulbinhos.
Tal semeação é realizada em canteiros comuns, de 1,20 m de largura,
convenientemente adubados e em sulcos transversais distanciados de 15
cm.
Dependendo do poder germinativo das sementes, usa-se de 0,3 a 0,6
grama por metro de sulco. Existem máquinas manuais que, bem
reguladas, efetuam o serviço de semeação com rapidez e segurança. No
caso de empregá-las, o sulco de semeação será no sentido do
comprimento do canteiro.
A melhor época de semeação é a que vai de princípios de junho a
meados de julho, com a colheita dos bulbinhos em outubro-novembro,
quando as chuvas, menos freqüentes, permitem sua cura perfeita. Uma
vez colhidos e submetidos cura ao sol, mas protegidos pelas folhas e
depois em galpões arejados, armazenam-se em depósitos bem ventilados
até a época do plantio.
Para o armazenamento, colocam-se os bulbinhos em estrados ou
tabuleiros, que são empilhados uns sobre os outros. A camada de
bulbinhos em cada tabuleiro não deve exceder de 6 a 8 cm, para obter
maior aeração e evitar o seu apodrecimento.
Bulbinhos com diâmetro transversal entre 15 e 25mm são os melhores;
entretanto, podem-se empregá-los com menor diâmetro, pois estes
apodrecem menos no período de armazenamento, porém, apresentam mais
falhas no campo de plantação e dão origem a bulbos de tamanho um
tanto reduzido. Os de maior diâmetro, ou seja, acima de 35 mm, são
comerciáveis, têm peso mais elevado, pelo que não se recomenda seu
plantio, e apresentam o inconveniente de originar bulbos perfilhados
e defeituosos.
Os bulbinhos que forem apodrecendo durante o armazenamento deverão
ser eliminados. Na véspera da plantação, corta-se a haste rente ao
bulbinho.
A distância de plantio é igual à adotada rio sistema de mudas
originárias de sementes: 40x15 cm, e os tratos culturais também são
os mesmos, subindo de importância, porém, nesse caso, as irrigações
periódicas.
A melhor época de plantação de bulbinhos coincide com aquela
recomendada na semeação de cebola para cultura normal: fins de
fevereiro e meados de março. O ciclo será muito curto, as plantas
terão bom tombamento e o produto obtido, boa apresentação.
Para ser plantado, não é necessário que o bulbinho esteja com início
de brotação. O plantio de março será colhido em junho, quando o
produto alcança ótimo preço no mercado. Além de produzirem bulbos, os
bulbinhos também se prestam para conserva.
Cultivo:
Tratos
Os tratos culturais, muito limitados, resumem-se a duas ou, no
máximo, três capinas, quando o terreno é muito praguejado, e a
escarificações quando necessárias.
As enxadas empregadas devem ser estreitas e não muito afiadas,
podendo-se utilizar aquelas já bastante gastas.
Quando o terreno é bem solto, poderá ser usado o sistema dos
espanhóis que consiste num arco de barril, cujas extremidades são
solidamente amarradas-na ponta de um cabo de enxada. Fica o aparelho
com o tamanho e o formato aproximados de uma enxadinha, com a grande
vantagem de não ferir os bulbos nem romper as raízes situadas mais à
flor da terra.
Em terra leve e bem trabalhada, o emprego do cultivador manual Planet
Júnior é bem econômico para capinar e escarificar a terra entre
linhas, não deixar crescer muito o mato, pois, a máquina funcionará
mal.
Nas grandes culturas, pode-se mesmo usar cultivador maior, tipo
Planet, puxado por um só animal: nesse caso, as linhas de plantação
devem ser espaçadas de 50 cm.
As escarificações são efetuadas quando a superfície da terra se torna
dura, depois de algumas irrigações ou de dias de chuva.
A capina entre as plantas tem que ser feita à enxada, cuidadosamente,
a fim de não estragar as folhas e as hastes, ou ferir os bulbos em
formação. Pode se usar herbicidas para eliminar o mato.
Florescimento prematuro
As plantas que emitem hastes florais não formam bulbos, e, se o
fazem, são de má qualidade, não resistindo ao armazenamento; em
conseqüência, não são aceitos nos mercados, ou alcançam preço
bastante reduzido.
Diversos fatores determinam o maior ou menor aparecimento de hastes
florais, predominando, sem dúvida, o fator genético. Existem
variedades que apresentam esse defeito em maior escala.
O desenvolvimento da planta também tem bastante influência, pois
aquelas muito desenvolvidas têm mais tendência a apresentar essa
anomalia do que as menores. Quanto à temperatura, nota-se que mais
alta porcentagem de hastes florais ocorre após temperatura elevada,
no outono, e baixa, na primavera. Um outono quente concorre para
grande desenvolvimento da planta, e a combinação de planta bem
desenvolvida e primavera fria fornece condições propícias à emissão
das hastes florais.
Essas hastes têm maior probabilidade de surgir em solos pesados do
que em leves, e em baixadas úmidas do que em encostas. Evita-se, em
parte, esse mal, cortando as hastes à unha, logo que surgem.
Irrigação
Como a cebola, no Estado de São Paulo, é cultura de inverno, época em
que as chuvas são escassas, será vantajoso, para suprir a falta de
água, o uso de irrigações, seja por infiltração, seja por aspersão.
O gasto de água, na irrigação por infiltração, que é a mais
eficiente, é de 15 a 20 litros por metro quadrado, ao passo que, na
irrigação por aspersão, não vai além de 4 a 5 litros, dependendo da
quantidade e da freqüência das irrigações, como é natural, do tipo de
solo e da sua porcentagem de umidade.
Será de toda conveniência manter teor de umidade no solo durante todo
o crescimento da planta, até o bulbo atingir o máximo
desenvolvimento, quando devem ser suspensas as irrigações.
Tanto a deficiência de umidade como a umidade excessiva traz
prejuízos às plantas, denunciados pelo amarelecimento das folhas. A
carência de água concorre para o decréscimo de produção e retarda o
amarelecimento do bulbo. A umidade excessiva favorece o engrossamento
das hastes, o que dificulta o restiamento, tornando ainda os bulbos
aquosos e de pouca duração.
Na irrigação por infiltração, a água é levada para a parte superior
da cultura, com o emprego de bomba ou por um canal adutor, de onde
partem os canais distribuidores de primeira ordem, a pleno declive, e
dos quais saem os canais de irrigação, entre as linhas de plantação.
Para construção das linhas de plantação, pode-se empregar um nível
sobre um trapézio de madeira, o nível de borracha ou, então, a
própria água. Para isso, faz-se um sulco com uma enxada, partindo do
canal a pleno declive, e com a inclinação bem próxima à linha de
nível do terreno, o que se consegue observando o deslocamento da água
no trecho do sulco já construído.
Em seguida, constroem-se linhas de plantação paralelas ao sulco cujo
declive foi determinado pela água, até certo limite. Depois, rasga-se
novo sulco, com auxilio da própria água, como o primeiro, construindo
as novas linhas de plantação paralelas ao novo sulco, e assim por
diante.
Os canais de irrigação devem ter um declive suave, não além de 0,25%;
Maior inclinação provoca erosão, isto é, o arrastamento de partículas
terrosas, prejudicando ainda a própria irrigação, devido à má
distribuição de água ao longo das linhas de plantação.
Esses canais não devem passar de 8 a 10 m de comprimento, isto
porque, quando muito extensos, exigem aplainamento perfeito e
bastante dispendioso.
Outro sistema de irrigação por infiltração, muito usado pelos
lavradores paulistas, com ótimo resultado, consiste em construir
canais, com pouco declive, partindo do canal a pleno declive. Deles,
saem os canais de irrigação propriamente ditos, entre as linhas de
plantação, voltando em direção ao canal a pleno declive, com queda
mínima, aproximada, tanto quanto possível, da horizontal; irão, pois,
formar ângulo agudo com o canal de onde partem.
As linhas de plantação, nesse caso, não devem passar de 4 a 5 m de
comprimento. A fim de evitar arrastamento de partículas terrosas do
interior do canal distribuidor a pleno declive, formando valetas,
convém colocar capim seco ou palha de arroz, transversalmente ao
comprimento do canal, prendendo as pontas com terra e colocando leve
camada, na terra no centro, visando assentar o capim.
Para interceptar a água no canal em declive, dirigindo-a para os
canais entre as linhas de plantio, pode-se usar um saco com areia.
Esses canais podem ser construídos com a aiveca do próprio
cultivador. Pode-se economizar 50% do trabalho, sem grandes
desvantagens, alternando as linhas de irrigação.
Para irrigação por aspersão, constroem-se, dentro da cultura,
pequenos regos em declive, espaçados de 15 cm, com os percursos
interrompidos por pequenos tanques, de onde será atirada água às
plantas. Para as culturas maiores, há vantagem no emprego de bombas
especiais, canos leves providos de junções rápidas e aspersores
giratórios.
Colheita:
Uma vez completo o primeiro ciclo de plantio, o bulbo atinge o máximo
desenvolvimento, as raízes morrem, as folhas murcham e a haste tomba.
Em certos casos, tais como terreno úmido ou muito rico em nitrogênio,
a planta não tomba, pelo fato de a haste, também conhecida por
pescoço, tornar-se demasiadamente grossa. Com um pouco de prática, o
operário fica logo conhecendo a planta madura, pelo empalidecimento
da coloração das folhas, ou, então, batendo com a mão na planta, que
cai para o lado.
A colheita, em geral, é efetuada em três vezes, pois nem todas as
plantas completam o primeiro ciclo de uma vez. As plantas colhidas
são colocadas lado a lado, para secar, ficando os bulbos
resguardados, pelas folhas, dos raios diretos do sol.
Se o tempo estiver firme, não se deve apressar o recolhimento das
plantas arrancadas, mas deixá-las no campo até à tarde do dia
seguinte. Se não houver ameaça de chuva, convém mantê-las aí por mais
um dia. A permanência exagerada das plantas no campo, depois de
colhidas, traz desvantagens: pode acarretar a queima ou o murchamento
dos bulbos, comprometendo, assim, tanto o valor comercial do produto
como o seu armazenamento.
No Rio Grande do Sul, toda a cure se processa no campo, onde as
cebolas ficam cerca de 5 dias, protegidas pelas folhas, No Estado de
São Paulo, seria abuso o emprego desse processo, já que as chuvas
aqui são constantes no período de colheita - de meados de setembro a
princípios de novembro -intensificando-se o trabalho em outubro.
Em condições normais, um hectare de terra produz de 10.000 a 12.000
quilos de cebola vendáveis. Um homem colhe e transporta mais ou menos
750 quilos de bulbos por dia.
A colheita, o amontoamento das plantas no campo e o transporte para
os galpões devem ser feitos com todo o cuidado, porque os bulbos
feridos ou amassados são de fácil conservação.
A cura se completa, em ranchos espaçosos e bem ventilados. Com mais
dois ou três dias em tais ranchos as folhas tornam-se secas, os talos
murchos, e os bulbos, enxutos, ficando a planta em condições de ser
restiada.
Restiamento:
Depois de convenientemente curadas, as cebolas são reunidas em
réstias. Ë costume corrente começar cada réstia com os bulbos
maiores, decrescendo de tamanho em direção à ponta, prática essa que
não é das melhores. Seria conveniente que cada réstia tivesse bulbos
de um só tamanho, o que viria a facilitar, em muito, a
comercialização do produto.
De conformidade com lei federal em vigor, e segundo o diâmetro
transversal, a cebola é assim classificada:
- de primeira: acima de 55 mm;
- de segunda: entre 40.55 mm;
- de terceira: entre 25.40 mm.
É chamado "tipo conserva" aquelas com diâmetro inferior a 25 mm. G
claro que réstias com maiores bulbos terão menor número, para não
ficarem muito compridas.
Esse critério vem sendo adotado, há muitos anos, com ótimos
resultados, no Rio Grande do Sul. O restiamento é operação das mais
simples: fazem-me as réstias com tábua seca e umidecida por ocasião
do emprego. Para cada réstia, são usadas doze tábuas. Um homem faz,
mais ou menos, cem réstias por dia.
No restiamento, além da seleção por tipo, o operário vai pondo de
lado as plantas com bulbos feridos, destalados, murchos ou imaturos,
que são de pouca duração e mais sujeitos ao ataque dos agentes
causadores de podridão e que iriam comprometer os demais bulbos.
Armazenamento:
A questão do armazenamento cresce de importância, sabendo-se que o
preço da cebola cai logo após a colheita, para elevar-se novamente
depois, à medida que os meses vão passando, até ao início da nova
safra. Colheita de bulbos bem maduros cura perfeita e restiamento
cuidadoso: eis a base de um bom armazenamento.
É de suma importância assegurar um arejamento perfeito nos depósitos,
que devem ser amplo, fresco e seco. A umidade, relativa ideal para um
bom armazenamento deve variar entre 70. 75ºC.
As réstias são amarradas aos pares e dependuradas em travessas de
madeira roliça ou bambu, distanciadas de um metro, até a cobertura do
galpão, ficando cada série um metro da seguinte.
Por meio de inspeções freqüentes, retiram-se as cebolas estragadas e
brotadas, à medida que surgirem. Depois de cada inspeção, varrer
muito bem o piso do depósito, não deixando restos apodrecidos de
cebola, fonte de multiplicação de fungos e bactérias produtores de
podridão.
As cebolas de ciclo longo duram mais que as de ciclo curto; as
brancas, menos que as coloridas. As câmaras frigoríficas com
temperatura regulada de 2 a 4ºC, os bulbos permanecem em boas
condições, por longo tempo.
Embalagem e Transporte:
Para os transportes comuns, dentro do Estado, as réstias de cebola
são cuidadosamente colocadas em caminhões, formando diversas camadas.
Os lavradores mais caprichosos entregam as cebolas, para o mercado,
em sacos de aniagem de malha larga, cuja propriedade é de quarenta e
cinco quilos. Tais sacos fornecem bom arejamento para o produto, além
de torná-lo mais atrativo. Para transporte a longa distância, são
empregadas caixas de madeira, de diversos formatos.
Pragas e Moléstias:
Pragas
As pragas mais importantes são a tripse e a lagarta-rosca, a primeira
é um inseto muito pequeno, de 1 mm de comprimento, corpo delgado e
longo, de cor amarelo-pardo, muito ágil, conhecido pelo tripse -
Thrips tabaci Liderman. Vive nas partes invaginastes da base das
folhas e se alimenta da seiva e dos grãos de clorofila.
As plantas atacadas apresentam, nas folhas, manchas acinzentadas que
tomam, mais tarde, uma tonalidade prateada. Um exame dessas manchas
revela a destruição dos tecidos externos. É comum, também, o
aparecimento, na superfície das folhas, de pontos negros, produzidos
pelo excremento dos insetos.
Quando a população de insetos é muita elevada, o que ocorre,
comumente, nos períodos quentes e secos, os bulbos não se desenvolvem
normalmente, as folhas se tornam amareladas e com pontas secas e
retorcidas.
A Lagarta-rosca (Agrotis ypsiíon) é a larva de uma mariposa, e assim
chamada por se enrolar quando tocada. É cor de terra, mede cerca de 3
cm de comprimento e 0,5 cm de diâmetro, e corta as plantas rente ao
colo. Denunciam sua presença pelo aparecimento de pés caídos, pela
manhã, podados junto ao chão.
Moléstias
Entre nós felizmente, poucas moléstias atacam a cebola, citaremos as
principais:
- Mela: Conhecida assim no Brasil, nos Estados Unidos como damping
off, é bastante comum nos canteiros de semeação. Seu sintoma
principal é o apodrecimento da base da planta, rente à superfície,
bem como das raízes, tendo como conseqüência o tombamento da planta,
desprendendo-se do solo a parte aérea.
Essa moléstia não é causada por um único fungo, mas por um grupo de
fungos, que se aproveitam do estado de fraqueza das plantas nascidas
em canteiros mal localizados, ou com semeação muito densa.
Não há um tratamento específico para o seu controle. Com o objetivo
de evitar, em parte, a manifestação do mal, deve-se seguir a
orientação dada para a construção dos canteiros de semeação. Convém
frisar, entretanto, que local úmido e mal ensolarado, assim como
aglomeração de mudas' nos canteiros, concorre para manifestação da
mela.
Seu aparecimento se manifesta sob a forma de reboleiras, neste caso,
deve-se suspender as regas diárias, a fim de que o fungo encontre
condições adversas ao seu desenvolvimento, pois a falta de umidade
interrompe sua proliferação. É conveniente efetuar uma rega com
fungicidas indicados por técnico
- Podridão branca: Manifesta-se em qualquer fase da vida da planta,
ficando os próprios bulbos, depois de colhidos, sujeitos ao seu
ataque.
Como a cultura da cebola atravessa a estação fria do ano, essa
moléstia sobe de importância, porque o fungo causador - Sclierotium
cepivorum Berk encontra, entre 18 e 24ºC, a temperatura ideal para
seu desenvolvimento.
As plantas atacadas apresentam folhas amareladas e murchas, as raízes
apodrecem e se destacam do bulbo, ao ser a planta arrancada, ficando
na terra a coroa de raízes.
De início, as partes afetadas se recobrem de um bolor branco, com
aspecto de algodão, de onde surgiu o nome podridão branca. Esse
revestimento constitui o micélio do parasita, formando, depois,
corpúsculos brancos, quando novos e, mais tarde, pretos e
arredondados, com um quarto a meio milímetro de diâmetro,
assemelhando-se à semente de agrião, o que justifica o nome podridão
preta, que alguns lavradores lhe dão.
Esses corpúsculos, chamados escleródios, são os órgãos de resistência
do fungo, e podem permanecer na terra por vários anos, voltando à
atividade logo que as condições do meio lhes sejam propícias.
É moléstia de difícil controle, sendo todas as recomendações de ordem
preventiva: escolha de terra não contaminada; uso de mudas livres da
doença; rotação de cultura; destruição das plantas atacadas e
eliminação dos restos da cultura.
- Queima das folhas: Muito comum nos cebolais de São Paulo, é causada
por um fungo denominado Alternaria porri.
As folhas atacadas apresentam manchas pequenas, deprimidas,
irregulares, esbranquiçadas e de centro arroxeado.
Decorridas duas a três semanas do aparecimento dos primeiros sintomas
que são manchas escuras formadas pelos esporos, aparecem sobre a
lesão órgãos de multiplicação dos fungos. As partes atacadas absorvem
umidade, apodrecendo aos poucos. As folhas murcham, tombam e se
tornam secas nas pontas.
É comum, nas sementeiras, encontrarem-se mudas com as pontas das
folhas queimadas pala moléstia.
Os bulbos também podem ser atacados pelo fungo, que lhes causa
apodrecimento, a começar pelo pescoço.
As plantas enfraquecidas sejam pelas más condições do meio, seja pelo
ataque da praga tripse, são as mais sujeitas à contaminação.
O controle dessa moléstia é efetuado por meio de pulverizações
preventivas com fungicidas, dissolvido à razão de 200 gramas por 100
litros de água ou conforme orientação técnica.
Como é comum o aparecimento de tripse nas partes invaginantes
(talos/hastes) das folhas, convém misturar o fungicida com um dos
inseticidas recomendados para o controle dessa praga, de tal forma
que obtém-se uma calda de ação dupla: fungicida e inseticida.
O fungo ataca as flores, as folhas e, especialmente, as hastes
florais, ocasionando lesões claras que, depois, tomam uma tonalidade
róseo-arroxeada. Com as lesões, bastante graves, as hastes florais ficam enfraquecidas, tombando.
A manifestação da moléstia, na inflorescência, se manifesta pela
morte das flores e chochamento dos frutos em formação, ocasionando o
que os gaúchos chamam de careca da cebola.
O controle é feito com pulverizações preventivas, recomendando-se a eliminação das partas atacadas, antes da pulverização.
Obs.: O fungo Alternaria porri, muitas vezes, é confundido com o míldio - Peronospora destructor, de características semelhantes às
suas.
Convém notar que o mais importante, para o controle dessa moléstia, é o emprego de bulbos sadios e de terra nova de meia encosta, porque as
baixadas são muito sujeito ao ataque do fungo.
- Curiosidades:
Segundo relatos de alguns historiadores, este produto chegou a ter um valor tal, que era usado como pagamento de rendas, na Europa Medieval, para onde foi levado pelas caravelas de Cristovão Colombo. Sagrada entre os egípcios, cultivada também pelos romanos, presente no cabrito dos Bizantinos, e ingrediente indispensável no pão que servia como base à alimentação dos Assírios, a cebola era consumida em grande quantidade pelos soldados, por ser considerada grande fonte de vigor e coragem.
É uma das hortaliças mais cultivadas no Brasil.
Fontes:
http://pt.wiktionary.org/wiki/cebola
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cebola
http://www.sensibilidadeesabor.com.br/cebola.html
Que não estão mais disponíveis:
http://www.plantaservas.hpg.ig.com.br/arquivos/ervas/cebola.htm
http://www.vidaintegral.com.br/nutricao/alhocebola.php
http://www.vegetarianismo.com.br/cebola1.htm
http://criareplantar.com.br/agricultura/cebola/cebola.php?tipoConteudo=texto&idConteudo=1334
- Veja também:
Calendário Lunar
A Araucária
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