29 de setembro de 2010

Eletrônica Sustentável

Por Adrian Rupp

Para utilizarmos uma tecnologia criada numa sociedade consumista numa comunidade auto-sustentável precisamos adaptá-la. A eletrônica foi desenvolvida dentro da idéia de que é normal as coisas virarem lixo com o tempo e normal utilizar produtos químicos perigosos ao meio ambiente.

Pretendo apresentar neste texto uma outra forma de usar a eletrônica. Uma forma mais sustentável e livre. Pois o sistema "compra -> uso -> descarte" nos mantem numa eterna dependência e numa eterna produção de lixo. Eu proponho alternativamente o sistema "compra/extração -> uso, reuso,... -> novo uso".


Considerações Iniciais

Em primeiro lugar, cada comunidade conscientemente decide se irá ou não desenvolver a eletrônica. Optar por este desenvolvimento representa um conjunto próprio de vantagens e desvantagens. De modo mais preciso, pode-se decidir por aplicar a eletrônica apenas em casos específicos. Vale lembrar que durante milênios todas as comunidades humanas sobreviveram sem desenvolver a eletrônica. Portanto esse desenvolvimento é dispensável. Provalmente seja indispensável para o desenvolvimento de colonias humanas extraterrestres. Desafio os leitores do blog a me citarem uma solução que depende da eletronica e não pode ser resolvida de outro modo.


Como tornar mais sustentável o uso da eletrônica

- Produza a eletricidade na comunidade.

Use fontes sustentáveis como biomassa, ventos, Sol, rios usando mini-hidrelétricas. Não produzir a própria eletricidade é uma falha bem séria de auto-sustentabilidade, visto que ela é consumível.

- Manter a documentação mais utilizada em versão impressa.

O armazenamento digital permite que um grande volume de informações num pequeno espaço de tempo. Porém, exige energia elétrica em cada consulta e equipamentos sofisticados para a armazenagem. Sendo assim, manter a documentação em versão impressa é mais sustentável.

- Montagem:

A técnica de montagem faz toda a diferença para termos uma eletrônica mais sustentável. Sugiro abandonar na medida do possível as montagens em placas de circuito impresso. E abandonar as montagens tipo besouro morto. Alternativamente preferir montar com matrizes de contatos (protoboards).

Protoboards podem ser reaproveitadas centenas de vezes, dispensam gastos de estanho, eletricidade, uso de produtos nocivos usados na confecção das placas, evitam o superaquecimento dos componentes e permitem a rápida substituição de componentes.

- Construir protoboards de diferentes tamanhos.

Matrizes de contatos podem ser muito caras e as vezes é difícil encontar em tamanho reduzido.

Instruções de como construir uma protoboard:
http://translate.google.com.br/translate?js=n&prev=_t&hl=pt-BR&ie=UTF-8&layout=2&eotf=1&sl=en&tl=pt&u=http%3A%2F%2Fwww.instructables.com%2Fid%2FLarge-Bread-Board-from-IDE-Cables-breadboard-on-t%2F&act=url
e
http://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&sl=en&tl=pt&u=http%3A%2F%2Fwww.instructables.com%2Fid%2FHomemade-Breadboard%2F
e
http://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&sl=en&tl=pt&u=http%3A%2F%2Fwww.instructables.com%2Fid%2FBread-Board-from-IDE-Cables%2F
e
http://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&sl=en&tl=pt&u=http%3A%2F%2Fwww.instructables.com%2Fid%2FMake-a-Mini-Prototyping-Breadboard%2F



Eu cheguei a tentar montar uma mini protoboard seguindo as instruções acima. Porém achei a soldagem extremamente difícil. Optei por um método mais sustentável: Aproveitar os próprios cabos flat para fazer os contatos. Deste modo a montagem da protoboard dispensou qualquer soldagem. A arquitetura da protoboard foi alterada de modo que os pontos estão intercalados nas colunas. Apesar de eu não ter deixado um espaço para um circuito integrado isso pode ser feito. É preciso apenas deixar um vão entre os conectores que seja grande o bastante para produzir uma pressão já que os pinos são muitos finos para serem o bastante para manter o circuito integrado preso na matriz.



Componentes

Sugiro manter um estoque de componentes. Parte deles terá que ser comprada. Outra parte pode ser retirada de placas impressas defeituosas. Usando um sugador de solda e ferro de solda é possível retirar componentes de placas para reutilizá-los. Porém certifique-se primeiro de que tal circuito impresso está realmente inutilizado. Após teste o componente para saber se ele ainda está funcionando. A comunidade deve buscar ter mais componentes do que precisa para estar livre das oscilações do mercado. Falta do produto, retirada do mercado, proibição da venda, aumento no preço, são fenômenos que ocorrem freqüentemente. Somados aos eventos extraordinários, imaginar uma pronta disponibilidade no mercado é ignorar a instabilidade do mesmo.

Atenção a orientações de conservação e armazenagem. Manter os contatos dos componentes limpos da oxidação do ar. Usar uma faca ou estilete para fazer a limpeza. Vários componentes são sensíveis a altas temperturas, especialmente circuitos integrados. Muito cuidado ao soldar ou desoldar os componentes para não sobreaquece-lôs.

Conhecer a associação de componentes. Tendo dominio deste conhecimento pode-se utilizar combinações de componentes para fazer substituições. Por exemplo, podemos utilizar dois resistores no lugar de um resistor que não possuímos.


Multimetro

Atenção a orientações de conservação e armazenagem. Cuidar para usar as escalas apropriadas. Verificar a polaridade (vermelho (+) e preto (-)). Mantenha o medidor afastado de campos eletromagnéticos fortes.


Orientações sobre a oficina de eletrônica


- Ninguém deve trabalhar sozinho na oficina pois acidentes podem ocorrer e assim se faz necessário alguém para socorrer.

Para uma gestão sustentável dos conhecimentos sobre eletrônica o acesso a este conhecimento deve ser livre a todos membros da comunidade. Deste modo é uma falha de sustentabilidade comunitária trabalhar sozinho.

- Estar descansado quando for trabalhar com equipamentos elétricos.

- Manter a pele e a sola dos sapatos secas.

- Usar equipamentos de proteção individual (EPI) quando necessário.

- Não abandonar equipamentos elétricos ligados. Manter supervisão sobre eles.

- A oficina deve estar livre de excesso de umidade. Os equipamentos e componentes devem ser protegidos da poeira e umidade.

- Manter a oficina organizada. A organização facilita o acesso aos materiais, poupando tempo para encontrá-los e ajuda a evitar acidentes.


Considerações finais

Meus conhecimentos sobre eletrônica são superficiais e por isso alguém com conhecimentos profundos poderia trazer alternativas que eu não visualizei. Bastaria para tanto que olhasse para esse conhecimentos com olhos críticos, avaliando o que cada escolha representa em termos de auto-sustentabilidade. Sempre existe uma forma de fazer as coisas que é mais sustentável e outra que não é possível de ser mantida ao longo do tempo.

Os meios mais sustentáveis não exigem compras constantes de mais materiais, pois este acumulo acaba por tornar tudo descartável. Se estamos comprando algo que vai se tornar lixo, o que estamos comprando é de fato lixo. Muitas pessoas reclamam da falta de dinheiro, porém, não se dão conta de que aplicam seu dinheiro em lixo e só poderiam ter este resultado.

O que define se algo é lixo ou não é a sua descartabilidade. Quanto mais descartável, menos tem potencial como algo útil. Portanto prefira sempre comprar materiais que duram décadas. Descubra as alternativas que utilizam materiais de alta durabilidade e descarte os métodos que geram mais lixo.

Domine as técnicas de armazenagem e utilização. O retorno econômico de todo o investimento em materiais depende disso também. E quando falo em retorno econômico isso não se restringe ao retorno monetário.

Uma placa de circuito impresso estragada a princípio é lixo. Agora se dessoldamos os componentes e reutilizamos, se transformamos a placa numa capa de caderno, já não temos mais lixo. Mesmo uma placa de circuito impresso tendo muito mais vocação para lixo do que uma protoboard, mesmo assim podemos mudar nosso olhar e transformar lixo em algo útil.

Os componentes eletrônicos poderiam todos ter sistemas de engates em vez de usar soldas. Mas isso não seria interessante para as indústrias que tiram proveito da descartabilidade. Portanto os meios mais sustentáveis não possuem muita divulgação.

Por causa desta realidade é que se faz necessário a busca por alternativas. E diante daqueles que as encontram, está um mundo novo e muito mais livre.


- Veja também:
Informática Sustentável
Videos Energia Eolica

17 de setembro de 2010

Bonsai

Por Adrian Rupp



Bonsai é a arte oriental de se cultivar árvores em bandeijas. Sua prática ajuda o artista a desenvolver a sensibilidade, paciencia e dominio da fisiologia das árvores. Mas o mais interessante de se apresentar aqui neste blog são as aplicações práticas.

A prática do bonsai nasceu na China a partir da necessidade de preservar espécies que eram perdidas durante o inverno. Portanto, tal costume tem incrível potencial como estratégia de preservação da biodiversidade. Tanto para preservar espécies nativas de condições climáticas inesperadas, quanto para permitir o cultivo de espécies exóticas que por sua dimensão normal e exigencias climáticas seriam impossíveis de serem cultivadas por outra técnica.

Mas para que cultivar bonsai de espécies exóticas?
Cultivar espécies exóticas pode ameaçar a biodiversidade local na medida em que interagem com o ambiente alterando o equilibrio biológico. Principalmente quando são plantas invasoras que podem tomar toda as áreas. Isso não ocorre quando se cultiva exóticas em forma de bonsai.
Outra vantagem é que podemos controlar as condições climáticas e o tipo solo o que seria impossível com uma árvore.

Um bonsai pode ser feito apartir de qualquer árvore, arbusto ou trepadeira lenhosa. Criar bonsais de espécies nativas presentes na comunidade pode parecer inútil, porém, fazendo isso podemos ter uma segurança contra qualquer imprevisto que ocorra com nossas árvores.

Tudo isso amplia a diversidade de espécies disponíveis para a comunidade. Com a vantagem adicional de ocupar apenas uma pequena parcela do espaço que seria normalmente necessário.

O bonsai tem todas as características de seu exemplar natural com a excessão das dimenções. Assim, raizes, ramos, folhas, frutos, etc. podem ser extraídos. Não só podem como devem ser retirados para manter as dimensões da planta. Bonsai não recebem nenhum tipo de alteração química ou genética para serem pequenos. O que é feito é apenas o controle do crescimento através de podas constantes e do confinamento em pequenas bandeijas. O uso de adubos químicos constuma ser recomendado por especialistas, mas não é realmente necessário. Porém é importante ter ciência de que o substrato se esgota rapidamente e deixa de ser alimento para o bonsai.

Vejo como sendo bastante limitado o potencial do bansai de fornecer alimentos, óleos, porém acredito no potencial para fornecer sementes ou como planta medicinal ou planta tinctória. A capacidade de uma comunidade de tratar ou curar doenças está diretamente ligada a sua biodiversidade. E nestes casos possuir um grande banco de sementes não é o bastante. É preciso ter a materia-prima disponível para uso imediato.

Bonsai na Educação

Outro potencial dos bonsais pouco desenvolvido é seu uso na educação. Crianças e jovens podem ser ensinados a cultivar bonsais e assim ter conhecimentos práticos sobre como funcionam as plantas.
É muito mais fácil se esquecer de algo que a gente leu do que de algo que a gente viveu. Cultivar um bonsai significa vivenciar páginas e páginas de conhecimentos de botânica.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bonsai
http://www.bugei.com.br/bugei/mentais/bonsai_hist.asp
http://www.terrabonsai.com.br/info_faq.aspx

- Veja também:
As Plantas Medicinais
Praticar Culturas para um abastecimento alimentar em continuidade

14 de setembro de 2010

Taquago

Por Adrian Rupp

Taquago: Jogo de montar feito com taquaras

Eu nunca fiz este jogo então tudo exposto aqui é teoria, mas imagino que um dia terei os recursos necessários para fazê-lo. Sei que já existe um jogo de montar peças de bambu chamado Bamcriar, mas não consegui detalhes de como ele é feito. Mas minha idéia surgiu por eu brincar muito com esse tipo de jogo na infância, porém usando peças de plástico e quando eu tentei fazer um jogo de xadrez de taquaras.

Jogos de montar são interessantes para o desenvolvimento intelectual das crianças. Brinquedos feitos com materiais naturais ajudam as crianças a terem intimidade com tais materias o que é importante para o uso destas materias-primas na vida adulta.

Não desenhei este jogo da melhor ou da única maneira possível. Isto é só uma sugestão. Por exemplo, as ranhuras para encaixe podem ser ignoradas e o jogo se limitar à empilhar as peças de modo criativo. Como a materia-prima e a produção são locais é possível criar novas peças e aperfeiçoar o jogo continuamente. Situação oposta ao jogos de montar de plástico onde as peças só se somam via compra e se perdem e se estragam poluindo o meio ambiente. Aqui está um brinquedo que não polui para provar que podemos superar o paradigma que só produz lixo.

Pelo pouco que sei sobre tratamento de bambu, manter as taquaras no Sol após o corte é o suficiente para a secagem, o que penso que basta de tratamento para esse uso.

Pequenas falhas de simetria, principalmente produzidas pela variação da espessura da parede das taquaras, não são um grande problema. Uma peça encaixar e outra não, um lado da peça encaixar e outra não, esse tipo de coisa reproduz bem a vida real e portanto tem caráter educativo.


Apresentação das Peças

Peça 1 - Roda

O jogo todo poderia se resumir a um conjuto dessas peças que podem ser empilhadas de diferentes formas. Mas Preferi um desenho mais sofisticado que permite montagens mais interessantes.

Não sei exatamente qual seria a medida ideal da altura, mas deve ser suficientemente alta para que seja possível manter a durabilidade mesmo com os furos que são feitos. É melhor que tenha quatro rasgos de encaixe permitindo encaixe em duas posições diferentes.
achei interessante que a peça fique de pé mesmo que seja posta de lado.

Peça 2 - Calha

Para fazer essa peça basta dividir a taquara ao meio e fazer as entradas para encaixe. O comprimento base que sugiro é o diametro externo da roda. Poderiam ser feitas com várias medidas: 1 roda, duas rodas e 3 rodas.
As ranhuras de encaixe poderiam ter diferentes orientações.

Peça 3 - Meia Calha

Para fazer essa peça basta dividir taquara ao meio e dividir essa metada ao meio novamente. Assim ela representa 1/4 do círculo.

Peça 4 - Viga

Essa peça representa 1/8 do círculo. É ela que faz a ligação entre as demais peças. As ranhuras das outras peças são feitas de tal modo que esta peça possa entrar. O comprimento pode variar como acontece com as outras peças, seguindo o diametro externo da taquara.

Aqui está então. Aceito sugestões de melhorias.

- Veja também:
Diferentes usos dos bambus
Vídeos Tricô de dedo

4 de setembro de 2010

Fazendo uma caneta de bambu

Por Marcelo Bresciani


Há alguns anos havia feito a minha primeira caneta de bambu, mais por empolgação que por funcionalidade, pois havia visto a canetade outro amigo artista e lembrei que há muito este foi o método mais sofisticado de escrita. Há pouco mais de um mês, fazendo alguns trabalhos com uma caneta tinteiro (tinta da china) e me frustar pela tinta que acabou muito rápido, decidi buscar recursos mais baratos. Voltei ao velho bambu e fiquei encantado, perdendo o preconceito quando vi outro artista no SESCTV usando este estiloso material.
Há alguns dias construí uma nova caneta melhorada, e o passo a passo disponibilizo aqui para quem quiser fazer a sua própria caneta.

Como montei a minha caneta bambu para desenho

Consegui com um garoto uma vara fina de bambu verde, com entre 1 e 1,5 centímetros de diâmetro. Deixei-o secar por dois meses. Acredito que o tempo se secagem não seja necessário, podendo a caneta ser feita com ele ainda verde.
Cortei a vara com aproximadamente 25cm de comprimento
Com uma faca apontei a extremidade de maior diâmetro deixando-a parecida com uma pena de aço, das canetas bico-de-pena.
Fiz um furo com uma furadeira no centro da pena e abri o canal com um estilete. O furo é importante para impedir que a fenda do bico se estenda por todo o corpo da caneta.
Com estes passos simples, vamos aos testes. Utilizando um bom nanquim
Cada caneta produzida, tem a sua característica de traço, como peça artesanal, cada uma será única.
Diferente das penas de aço, procurei deixar a ponta mais rustica, criando um traço espeço que é uma característica marcante e que aprecio em desenhos.
Quando molhei a caneta virgem na tinta, percebi que a primeira carga chupou muita tinta, preenchendo o corpo da ponta. O resultado obtido foi diferente, utilizando nanquim e tinta para caneta tinteiro que é mais fluído que a primeira. Para limpeza, não se preocupe em retirar por completo a marca da tinta, pois ela nunca sairá, passe de leve um pano ou um papel toalha removendo o excesso.
Como na escultura, a caneta já estava dentro do bambu, o artesão somente a descobriu ali dentro.
Acho o bambu rustico estiloso, porem é possível trabalhar o corpo da caneta com entalhes, tinta ou marcas de metal quente, ao gosto e criatividade do artista. A minha irá ficar assim. Curtí.

Fonte:
http://marcelobresciani.blogspot.com/2009/08/fazendo-uma-caneta-de-bambu.html

Outra versão:
http://translate.googleusercontent.com/translate_c?hl=pt-BR&langpair=en|pt&u=http://www.leighreyes.com/blog/%3Fp%3D1425&rurl=translate.google.com.br&usg=ALkJrhj5GgC1-YwqmXfq5eq755n84cfb1Q
How to Make a Feather Quill:
http://www.instructables.com/id/How-to-Make-a-Feather-Quill-2-ways/#step1
Algumas dicas para fazer tinta:
http://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&langpair=en|pt&u=http://www.ehow.com/how_4794552_fountain-pen-ink.html



- Veja também:
Diferentes usos dos bambus
Informática Sustentável

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