10 de outubro de 2009

Agrofloresta: o que é e como fazer?

Por INCRA-SP

“Agrofloresta é pensar em incluir o homem de novo na terra”

A agrofloresta é mais do que um sistema de produção de alimentos em harmonia com o ambiente, onde se conservam os recursos naturais e se produz alimento saudável. Agrofloresta é muito mais que técnica, é uma visão diferente do mundo, é uma nova forma de nos relacionarmos com todos os seres vivos e com o planeta como um todo, entendendo as relações entre tudo e todos, e percebendo que estamos todos interligados numa grande teia da vida. É uma mudança de atitude em relação à natureza e de novas possibilidades de organização da sociedade. Já foi comentado que para um sistema de produção se manter produtivo por longo tempo é importante entender como a natureza funciona e tentar aplicar esses princípios nas ações como agricultores e agricultoras.

Que tal conversar com os companheiros sobre algumas questões?
1. O que é agrofloresta ou SAF (sistema agroflorestal)? Você já viu ou plantou uma agrofloresta ou um SAF?
2. Que semelhanças têm os quintais com as agroflorestas?
3. Quais as vantagens de se plantar árvores?
4. Como é possível caber tanta planta junto numa mesma área?
5. Por que a agrofloresta pode ser importante para conservar a água?
6. Por que a agrofloresta conserva o solo sempre produtivo?

Ao nos inspirarmos na floresta para a implantação dos sistemas de produção, a agrofloresta pode ser considerada uma floresta de alimentos, ou um jardim florestal. Nesse caso, no início da formação da agrofloresta, as plantas de vida curta são as espécies agrícolas como milho, feijão, abóbora, quiabo, maxixe, melancia, gergelim, batata doce, etc. Na sucessão, as próximas que vão continuar no sistema quando as de ciclo de vida curto forem colhidas podem ser, por exemplo, a mandioca, o abacaxi, o mamão, banana nanica, juntamente com várias outras árvores que poderão produzir frutos, lenha, e madeira mais tarde.

Quem já praticou agricultura convencional e passa a fazer agrofloresta percebe que ao invés de haver competição entre as plantas, há na verdade cooperação, observando que “uma planta não atrapalha a outra; elas vivem juntas”. Alguns agricultores dos assentamentos Sepé-Tiaraju e Pirituba, com sua experiência dizem: “Agrofloresta é a convivência das plantas em harmonia com todos os seres vivos" ou "Sistema agroflorestal é a convivência de todas as plantas e seres vivos, trocando favores entre todos sem cobrar nada e protegendo a nossa mãe terra”.

“Agrofloresta é a busca da vida e da paz que foi esquecida há muito tempo atrás.
É considerar que os bichos estão livres, e ver os rios cheios de peixes”

“Queremos viver com a floresta”

O método utilizado na implantação e manejo das agroflorestas sucessionais, baseado nas experiências de Ernst Götsch, agricultor-pesquisador, é uma tentativa de replicar as estratégias usadas pela natureza, ou seja, a sucessão natural, para aumentar a vida e melhorar o solo. Da mesma forma que na sucessão natural, onde as plantas ocorrem em conjunto e não isoladas, e requerem outras plantas para um ótimo desenvolvimento, na agrofloresta as plantas cultivadas são introduzidas em consórcios, de forma a preencher todos os espaços ao longo do tempo. Cada consórcio significa uma combinação de plantas que tem mais ou menos o mesmo tempo de vida e que atingem alturas diferentes, aproveitando otimamente a luz do sol. Os consórcios das plantas de diferentes tempos de vida convivem na mesma área.

Com o tempo, as plantas que duram menos morrem e aquelas que vivem mais continuam. Se formos organizar as plantas em grupos sucessionais, podemos chamar de pioneiras aquelas plantas que são as primeiras a se estabelecerem e com tempo de vida mais curto. Os outros consórcios pode-mos chamar de plantas secundárias (de ciclo de vida curto, médio e longo), e aquelas que duram muito tempo e compõem a floresta do futuro podemos chamar de primárias.

Uma agrofloresta completa deve ter presente todos os consórcios, garantindo que o sistema tenha sempre plantas de diferentes idades e diferentes alturas, para ocupar sempre o espaço com o passar do tempo, manter o solo coberto e ofertar diferentes produtos.

Às diferentes alturas que as plantas atingem chamamos de estratos. Podemos comparar a altura das plantas que fazem parte do mesmo consórcio, ou seja, aquelas que tem mais ou menos o mesmo tempo de vida. Por exemplo, se compararmos o milho com o quiabo, o tomate, o feijão e a melancia, que duram mais ou menos o mesmo tempo (de 3 a 6 meses), podemos dizer que o milho é emergente (o mais alto), o quiabo é alto, o tomate é médio, o feijão é baixo e a melancia é rasteira. Assim também podemos fazer com as outras plantas, inclusive as árvores. Vale lembrar que o tempo de vida e o estrato são relativos e nada melhor que a observação para perceber a relação entre as plantas no sistema.

Na medida em que as árvores crescem, se vai raleando para não passar da porcentagem de fechamento das copas para cada estrato, que, segundo observações de Ernst, deve ser: para as emergentes, de 15 a 25%; para as do estrato alto, de 25 a 50%; para as de estrato médio, de 40 a 60%; para estrato baixo, de 70 a 90%; e para rasteiro, 100%.

Existem plantas que se desenvolvem bem em solos degradados ou pobres, e aquelas que precisam de solo bastante rico, bem trabalhado pela vida e cheio de matéria orgânica para crescerem e produzirem. O ideal é escolher as espécies certas para o tipo de solo e ir melhorando o sistema com as próprias plantas, mas quando queremos plantar espécies mais exigentes em fertilidade, como o milho e as hortaliças, por exemplo, e a terra não está fértil o suficiente, então se pode usar esterco ou composto para se ter uma produção rápida logo no início da implantação do sistema.

Composto é um preparado de matéria orgânica já decomposta (terra preta). Pode ser feito montandose uma pilha com camadas de 5 cm de altura de palha e folhas secas, alternadas com camadas de 1 cm esterco de gado ou aves, até atingir aproximadamente 1 m de altura. A pilha deve ser mantida úmida e de tempos em tempos deve ser revolvida. O processo demora aproximadamente 60 dias para o composto ficar pronto para ser utilizado como adubo orgânico.

Ao se fazer um berço de bananeira, onde será plantada a muda, pode-se aproveitar a terra fofa e adubada para colocar também hortaliças. Assim, enquanto a bananeira brota e cresce, logo se colherá alguma coisa. É importante lembrar que a terra de cima é mais fértil que a de baixo. Assim, ao abrir um berço, recomenda-se separar a terra de cima, que vai preencher o buraco, e a terra de baixo deve ser espalhada em volta do buraco e coberta com muita matéria orgânica.

O plantio de alta diversidade de espécies na agrofloresta, assim como ocorre nas nossas matas, é muito importante, pois cada espécie vai cumprir um papel diferente, vai aproveitar a luz e o solo de maneira ótima. Além disso, traz o equilíbrio entre os seres vivos, evitando ataque intenso de pragas e doenças. Recomenda-se que as culturas anuais e as árvores, se plantadas por mudas, sejam colocadas no mesmo espaçamento tecnicamente recomendado (ver no quadro em anexo). As árvores, em geral, de preferência, devem ser plantadas por sementes, garantindo que cresçam em alta densidade (10 árvores por metro quadrado) e alta diversidade.

O espaço que as espécies arbóreas ocupam quando jovens é bem menor do que o espaço que elas vão ocupar quando adultas. Por isso, pensando em otimizar a ocupação do espaço ao longo do tempo, é que devemos plantá-las em alta densidade, de forma que tenhamos mais indivíduos arbóreos no início, e sabendo que somente algumas delas vão chegar à fase adulta. O manejo fará com que as árvores, quando adultas, atinjam o espaçamento recomendado, ou seja, com o tempo vai havendo raleamento das plantas mais fracas, cobrindo o solo com matéria orgânica.

A ocupação da área pelas culturas e árvores plantadas de forma adensada, evita a volta das chamadas plantas daninhas, ou seja, as de início da sucessão, que na realidade aparecem para ocupar espaços vazios. Assim, com o tempo o trabalho vai diminuindo e fica até menor que no cultivo convencional. É melhor plantar diretamente as árvores de semente, pois "elas saem mais rápido e plantando bem próximas, melhora o solo mais rapidamente".

A planta sofre com o transplante e plantar mudas não viabiliza o plantio em alta densidade, pois produzir muda é muito trabalhoso e caro. Mas quando se tem pouca semente ou no caso de sementes que duram pouco tempo, o viveiro aumenta a garantia do desenvolvimento da planta. É muito importante que se permita o estabelecimento da regeneração natural, ou seja, das espécies que venham a surgir espontaneamente na agrofloresta, que devem ser incorporadas nos consórcios e manejadas, contribuindo com uma maior biodiversidade, ocupação de espaço e produção de matéria orgânica no sistema.

Porque plantar árvores

As árvores são muito úteis. Além de proteger a água e o solo, elas fornecem: mourão de cerca, madeira, cabo de ferramentas, frutos, remédio, alimento para os animais, sombra para o gado e para a gente, material para artesanato, dentre outras coisas. Hoje em dia não tem mais quase madeira para o gasto na propriedade. Além disso, as árvores poderão fornecer sementes. Muita gente procura semente de árvores e tem dificuldade de encontrá-las para fazer os seus plantios.

Quando plantadas em linhas podem servir como quebra-vento. O vento leva embora a umidade do solo e das plantas, podendo reduzir até 50% da produção. Quando o solo está descoberto, o vento pode causar erosão, levando a camada mais superficial, que é a mais fértil. Quanto mais a terra estiver coberta com florestas, mais a água da chuva terá capacidade de infiltrar, alimentando o lençol freático. Assim, as nascentes, córregos e rios permanecerão com água limpa e abundante o ano todo.

Sem árvores, a água da chuva escorre rapidamente, enchendo os córregos e rios, causando enchentes, e, como o lençol freático não é alimentado por infiltração da água no solo, diminui a água na época da seca. A floresta protege a terra, evitando erosão. As terras descobertas são arrastadas pela água das chuvas até os córregos e rios, causando assoreamento, o que também contribui para as enchentes. As matas na beira dos rios, córregos, nascentes e lagos também ajudam a manter as margens com suas raízes, evitando o desbarrancamento.

É pensando na proteção da água, do solo, e de todos os seres vivos que a legislação brasileira exige a recuperação e manutenção das matas nas áreas de proteção permanente (APP) e Reserva Legal. As APPs dizem respeito ao entorno das nascentes, lagos, represas, córregos e rios, topos de morro e em encostas muito inclinadas. A Reserva Legal é uma área protegida por lei, localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, cuja vegetação nativa não pode ser derrubada totalmente, mas pode ser usada para fins produtivos, como para produção de frutas, criação de abelhas, artesanato, turismo e manejo seletivo de madeira, porém, não pode ser utilizada para agricultura ou pecuária que impeçam a regeneração da floresta. A legislação atual permite que se faça agrofloresta na Reserva Legal e na APP de uma pequena propriedade ou posse rural familiar. Mas tem que seguir algumas regras específicas, por isso é bom se informar melhor com os técnicos do assentamento ou com os órgãos ambientais, como DEPRN e IBAMA.

“As pessoas vivem da floresta. Ambientalista só fala de mato com bicho e não fala que o homem é bicho também”

Como produzir alimentos tendo tanta árvore junto?

Para ter sempre produção diversificada, incluindo hortaliças, grãos, frutas e madeira, numa mesma propriedade, ao longo do tempo, podemos ter áreas de agroflorestas em diferentes fases de desenvolvimento. Dessa maneira se pode estar produzindo espécies de início de sucessão (arroz, milho, feijão) numa parcela enquanto as outras espécies ainda estão crescendo; colhendo outras plantas como mandioca, mamão, maracujá em outra parcela, enquanto as árvores que estão juntas encontram-se ainda em crescimento; e tirando produção de frutas, lenha e madeira em parcelas mais avançadas na sucessão. Quando um sistema atinge sua maturidade, pode-se baixar tudo e recomeçar, tendo grande quantidade de matéria orgânica e solo em excelentes condições para se cultivar as espécies importantes para nossa alimentação.
Para praticar agrofloresta é importante sensibilidade e observação. É necessário perceber a paisagem, entender como as coisas funcionam, estar aberto, observar, aprender com a natureza. Freqüentemente fechamos nossos canais de comunicação, de percepção, mas ainda temos essa capacidade, se praticarmos e usarmos todos os nossos sentidos.

Apresentam-se abaixo alguns aspectos técnicos relevantes para o sucesso da implantação de SAFs, dentre eles:
• escolher as espécies de acordo com clima e solo (fertilidade e encharcamento);
• plantar alta diversidade e densidade;
• plantar todos os grupos sucessionais completos (considerando plantas com ciclo de vida curto, médio e longo; e estratos rasteiro, baixo, médio, alto e emergente);
• manejar o sistema através da capina seletiva e poda, acelerando a sucessão;
• acumular matéria orgânica cobrindo o solo;
• ficar atento às chamadas pragas e doenças, que indicam se estamos fazendo alguma coisa errada no SAF ou precisamos manejar;
• as plantas de ciclo de vida curto (herbáceas) e cipós também fazem parte dos grupos sucessionais e devem fazer parte, portanto, da agrofloresta;
• utilizar, sempre que possível, leguminosas e plantas que produzem grande quantidade de matéria orgânica;
• não utilizar fogo.

Dicas:

Preparo da área com coquetel de adubos verdes:
Uma área com presença de gramíneas pode ser preparada com antecedência para implantação de agrofloresta no ano seguinte, a partir de uso de plantas leguminosas (feijão-de-porco, crotalária, feijão-guandu, mucuna, tremoço) e não leguminosas (milheto, sorgo, aveia preta, nabo forrageiro, mamona, girassol) de rápido crescimento e boas produtoras de biomassa, que podem "abafar" o capim. Nesse caso, podem-se jogar as sementes a lanço, em alta densidade e roçar o capim. No ano seguinte implanta-se a agrofloresta num solo já melhorado, com bem menos capim.

Escolha das espécies:
Depende das condições de clima, de relevo, de solo (se é bem drenado ou se encharca, se apresenta alta ou baixa fertilidade, etc.). As características do solo podem ser reconhecidas muitas vezes por plantas indicadoras, que são plantas que nos dão pistas de como está o solo, ou seja, que só ocorrem em solos que apresentam uma determinada característica (por exemplo: guanxuma indica solo compactado, samambaia indica solo ácido, trapoeraba indica solo rico em matéria orgânica, etc). No caso do solo estar degradado, devem-se plantar espécies menos exigentes, até que se melhore o solo pela produção de matéria orgânica. Quando o solo estiver mais rico, espécies mais exigentes poderão ser plantadas, reiniciando a sucessão.

Época de plantio:
O plantio, por mudas ou sementes, deve ser, geralmente, no início do período das chuvas. É possível também implantar uma agrofloresta no final do período chuvoso, mas é necessário irrigar. Nesse caso, recomenda-se a implantação com hortaliças para garantir a produção inicial e justificar a irrigação.

Muvuca ou mistura de sementes:
As árvores são semeadas em alta densidade, de modo que se estabeleçam 10 árvores por m2 (metro quadrado). As sementes das árvores, após a quebra de dormência, são misturadas com terra e umedecida, na consistência de uma farofa, que é então distribuída, em linhas, no terreno. Para uma boa distribuição no campo, a mistura de sementes, por exemplo, que tenha sido preparada para 6 linhas de plantio, pode ser dividida em 6 montinhos, de modo que, a cada linha, um montinho será distribuído.

As sementes das árvores podem germinar facilmente ou demorar muito tempo para germinar, o que é chamado de dormência. Essa é uma estratégia das plantas para que as sementes sobrevivam por muito tempo no chão, esperando as melhores condições ambientais para germinar. Para acelerar a germinação existem maneiras de se "quebrar a dormência" das sementes. Para as sementes duras recomenda-se lixar, ralar ou cortar com cuidado a casca da semente, criando uma pequena abertura. O corte deve ser feito sempre no lado oposto ao arilo (arilo é o "olho" de onde vai sair o broto). Outra estratégia é dar um choque térmico na semente, colocando-a por 1 minuto em água quente (até 80ºC) e jogando-a em água fria na seqüência. Para todos os casos se recomenda deixar a semente 24 horas em água antes de plantar, à temperatura ambiente, para que a água seja absorvida pela semente.

Sementes:
A coleta de sementes de uma determinada espécie de árvore deve ser feita de vários indivíduos, distantes entre si, em diferentes locais. Dessa forma se evita o cruzamento entre árvoresirmãs, o que enfraqueceria as plantas com o passar do tempo.

Plantio de estacas:
Muitas plantas pegam por estacas, como amora, gliricídia, cajá, seriguela, hibisco, margaridão, dentre outras. Para se ter sucesso no pegamento da estaca é importante preparála com cuidado para que não rache, com o corte feito com facão bem afiado. Na parte de cima da estaca deve ser feito um corte inclinado, e na parte de baixo deve ser feita uma ponta para que, ao ser enfiada no solo, a casca da estaca não se despregue da madeira. Outro detalhe é aprofundar 1/3 do tamanho da estaca, de maneira um pouco inclinada, com o cuidado de manter a direção correta da estaca (folhas para cima e raízes para baixo). Depois de fincar, não bater na estaca para não ficar frouxa.

Espaçamento:
Recomenda-se que as espécies agrícolas (culturas anuais e semi-perenes) sejam plantadas no mesmo espaçamento tecnicamente recomendado como se fosse plantar em monocultivos (ver quadro em anexo). As árvores deverão ser plantadas, preferencialmente por sementes, em alta densidade (10 árvores por metro quadrado).

Cobertura do solo:
O material resultante das podas deve ser devidamente picado e depositado sobre o solo, cuidando-se para colocar o material mais lenhoso em contato com o solo e organizado no sentido contrário ao escoamento da água da chuva.

Manejo do aceiro:
Quando uma agrofloresta for implantada ao lado de uma mata, árvores já adultas ou vegetação envelhecida, é importante que se faça o manejo do aceiro, ou seja, uma poda nas árvores do entorno ou corte do capim, para que não haja interferência negativa das árvores já adultas ou plantas envelhecidas sobre a área nova, em crescimento. Além disso, essa prática pode evitar incêndios acidentais e contribui para enriquecer a área de agrofloresta com a matéria orgânica do manejo do aceiro.

Fonte:http://media0.agrofloresta.net/static/cartilhas/cartilha-Liberdade_e_vida_com_agrofloresta.pdf

- Veja também:A Cebola
Receitas com amendoim

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